terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Thelema e Rosacrucianismo

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No início do século XX, a Lei da Thelema, sistema de filosofia e magia desenvolvido por Aleister Crowley (1875-1947) – To Mega Therion – teve grande influência filosófica na cultura esotérica, na cultura pop e também foi precursora do pensamento pós-moderno. No meio esotérico, a Lei da Thelema também influenciou outras ordens que não estavam ligadas diretamente a Crowley, ordens ligadas pelo fenômeno da O.T.O. (Ordo Templi Orientis), como a  FRA (Fraternitas Rosicruciana Antiqua) do Dr. Krumm-Heller (1876-1949) – Mestre Huiracocha – foco do nosso estudo.

Muitos argumentam que os ensinamentos do Dr. Krumm-Heller eram antagônicos com do Aleister Crowley, e que não possuíam nenhuma ligação esotérica, principalmente na questão da magia sexual. Mestre Huiracocha revela que uma das chaves da Magia Sexual é a não ejaculação durante o ato mágico. Em seu livro, Logos Mantram Magia, ele afirma: “declaro que, para mim, a vocalização, o uso dos mantras e a oração, mediante o despertar das secreções sexuais, é o único caminho de chegar a meta, e o resto é, infelizmente, uma perda de tempo”. Diante disso, Peter Koenig, classifica o ensinamento do Dr. Krumm-Heller como Gnosticismo HomeopáticoGnosticismo Ascético  o de Samael Aun Weor – aonde evita-se ejaculações, mesmo com a sua esposa – classificando de Gnosticismo Libertino àquele praticado por  Crowley, na qual não há qualquer tipo de proibição quanto ao sexo.

Aparentemente, essas duas ordens não parecem ter nenhum ponto em comum. No entanto, Crowley recomenda o estudo da Fórmula da Rosa-Cruz. O que leva muitos a considerar uma alegoria somente à magia sexual. Como ele mesmo escreve: “não precisamos nos sentir surpresos se a Unidade de Sujeito e Objeto na Consciência que é Samadhi, a unificação da Noiva e do Carneiro que é o Céu (…), a união do Lingam e da Yoni, a Cruz e a Rosa”. No entanto, James Eshelman escreve, que isso, na verdade, seria o trabalho mágico da união dos opostos em sua Natureza, que muitos místicos cristãos descrevem como no aniquilamento de si mesmo no Amado.

O Dr. Krumm-Heller era membro da O.T.O.,  que recebeu seu grau, em 1908, de Theodor Reuss, antes da reformulação da ordem por Crowley. Mas após 1930, o Dr. Krumm-Heller e Crowley se encontram pessoalmente em Berlim e trocam uma extensa correspondência. O Mestre Huiracocha não foi discípulo do Mestre Therion; na verdade, Crowley em uma correspondência, considera o Dr. Krumm-Heller um maçom igual a ele, na qual tinha muito a ver com a realização da “Grande Obra”, a divulgação da Lei da Thelema. E o Dr. Krumm-Heller escreve:

Meus mestres foram Eliphas Levi e Papus, e graças a eles eu poderia decifrar os segredos da Magia. Dr. Hartman tem nos ensinado na Alemanha, a parte esotérica da Bíblia e da Igreja Cristã. Outro mestre que teve maior influência sobre mim foi o Mestre Therion, ele me deu a sua obra “Liber Aleph Vel CXI (O Livro da Sabedoria ou da Tolice)”.

E após esse encontro, o Dr. Krumm-Heller aceitou a Lei da Thelema, sendo que nos rituais de congregação da FRA (baseados no Liber CCXX e Liber XV) é dito: “A nossa divisa é Thelema”. Apesar das muitas influências, o Dr. Krumm-Heller não integrou nenhum curso ou prática operativa da Astrum Argentum (ordem esotérica desenvolvida por Aleister Crowley e George Cecil Jones), nem há algum estudo aprofundado da doutrina thelêmica no currículo da FRA.

Diante disso, surge uma questão, como a Lei da Thelema se adequou ao ensinamento das ordens não thelemitas, como a FRA – uma ordem de tradição rosacruciana.

THELEMA E CRISTO

Para os seguidores de Crowley, a Lei da Thelema possui o objetivo de descobrir sua Verdadeira Vontade, através da Conversação com o Sagrado Anjo Guardião e, após isso, dedicar sua vida inteira ao seu cumprimento. A necessidade do cumprimento da Vontade se demonstra através daquele que é considerado o único mandamento em Thelema: “Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei. O amor é a lei, amor sob vontade”. A Lei da Thelema prega uma ética individual, na qual nenhuma regra externa pode interferir, ou seja, o cultivo e satisfação plena das próprias vontades. Mas qual é a visão do Dr. Krumm-Heller acerca da Lei da Thelema.

Para entender essa visão, peguemos o artigo do Dr. Krumm-Heller: CHRISTO-ABRAXAS-BAPHOMET-THELEMA, na qual é dito que há quatro forças – Cristo, Abraxas, Bafomet e Thelema – são uma só coisa: LUZ.

“Eis aqui quatro palavras e no fundo uma só. Eis aqui quatro forças e, contudo, em essência uma força única: a  LUZ. (…) Disto temos uma prova magnífica. Uma das coisas que mais me impressionou em minha viagem ao Oriente, foi a mesquita HAGUIA SOPHIA de Constantinopla (…). Ao serem executados certos trabalhos, no referido templo, descobriram que o mosaico antigo era a representação de um grande quadro em cujo centro se distinguia o Cristo, em que se lia a seguinte legenda: “EU SOU A LUZ”.


Para o Dr. Krumm-Heller, o cristianismo adotou a ideia gnóstica de que o Cristo simboliza o Sol, conforme a Cristologia Gnóstica. E a Luz Solar atua de diversos modos. Ela é o Cristo, aspecto derivado do Pai, como parte do Sol Oculto. Para os gnóstico seria Abraxas. Outro aspecto desta Luz seria Baphomet, um aspecto mais grosseiro, porque é a força astral. E por fim, outro aspecto desta Luz é Thelema que significa a Vontade atuante na Luz. Todos essas diferentes variações da Luz são denominados pelos Gnósticos como Força Cristônica.

“(…) Outro aspecto desta força é  Thelema que significa a vontade atuante na Luz. O discípulo não deve esquecer que todos esses nomes e símbolos representam forças e nos Mistérios usavam-se símbolos para objetivar essas forças.
(…) Assim, pois a força de Abraxas manifesta-se de modo distinto da força de Baphomet; porém, todas derivadas da força espiritual da Luz, que os Gnósticos chamam FORÇA CRISTÔNICA. O discípulo precisa aprender o manejo de todas essas forças”.


CRISTOLOGIA GNÓSTICA



A Cristologia Gnóstica diz que o Sol visível é o mediador do Sol Central ou Sol Oculto. E o Crestos Cósmico é o meio astral que liga o homem ao Pai Solar. A força de Cristo pode manifesta-se de diferentes modos, seja como Baphomet, Abraxas ou Thelema, porém, todas derivadas da força espiritual da Luz do Sol Oculto. Podemos inferir, assim, que Thelema é Cristo. Ou que a Vontade do Crestos é Thelema.

Como símbolo, Cristo se liga aos deuses solares, Mitra, Abraxas e Dionísio. Mas também é um fato histórico, na pessoa de Jesus. O corpo de Jesus de Nazaré foi utilizado para que a entidade divina do Cristo, no momento do batismo, pudesse tomar a forma que lhe era necessária para, daí em diante, estar em comunhão com as almas humanasOs acontecimentos na Palestina foram necessários para o nascimento da vida terrena do Cristo que aconteceu a partir do Mistério do Gólgota, esse acontecimento é denominado por Rudolf Steiner (1861-1925) de “Impulso do Cristo”.

Para os Gnósticos há uma diferença sensível entre os as personalidades de Buda, Zoroastro, Confucio, Maomé e a divindade do Cristo. Os primeiros foram certamente grandes filósofos e grandes Iniciados a quem lhes foi dada a incumbência de a pregar e instalar uma região em sua época. No entanto, Cristo tem uma personalidade diferente. Ele é Deus, é o Logos Solar ou a Essência Solar, a força do Espírito que está fundida no Sol. 

O Dr. Krumm-Heller diz que a Força Cristônica de Jesus, se propagou pelo mundo (Impulso do Cristo) e transformou seu ambiente, perpetuando-se até nossos dias. Para vida terrestre, o Sol possui grande importância para nosso planeta, por sua vez, o Sol físico depende de outro Sol espiritual. O Sol espiritual é algo prático e real, como também é o Logos. Cristo é a Luz do Sol física e espiritual.

O Dr. Krumm-Heller reúne na figura do Cristo uma força consciencial e uma substância material. Isso pode parecer estranho, mas nas próprias palavras do Dr. Krumm-Heller, a realidade é formada pelo trio de matéria, energia (força) e consciência. Deste modo, o Crestos Cósmico é uma substância, uma força, uma consciência atuante. Os gnósticos aprendem a manejar Crestos e sua força mediadora.


CRISTO EM SUBSTÂNCIA

O Dr. Krumm-Heller associa Cristo a outros conceitos, o que pode causar uma certa confusão, mas ele mesmo, didaticamente divide essa força em duas: o Cristo Real ou Substancial e o Cristo Ético ou Consciencial. Em sua oração ao Logos Solar, ele invoca essas forças da seguinte maneira:

“Tu, Logos Solar, emanação ígnea, Cristo em substância e em consciência, vida potente pela qual tudo avança, vem até mim e penetra-me, banha-me, transpassa-me e desperta em meu SER todas essas substâncias inefáveis que tanto são parte de ti como de mim mesmo.”


Primeiro, vamos entender o que seria o Cristo Substancial e como ele se relaciona com a Thelema. Como já dito sobre a Cristologia Gnóstica, Cristo é uma substância material, na qual possui Vontade. Essa Vontade atuante na Luz é chamada de Thelema, conceito muito similar da Telesma apresentado por Hermes Trimegisto na Tábua Esmeralda: 

(1) É verdade, certo e muito verdadeiro:
(2) O que está embaixo é como o que está em cima e o que está em cima é como o que está embaixo, para realizar os milagres de uma única coisa.
(3) E assim como todas as coisas vieram do Um, assim todas as coisas são únicas, por adaptação.
(4) O Sol é o pai, a Lua é a mãe, o vento o embalou em seu ventre, a Terra é sua alma;
(5) O Pai de toda Telesma (Thelema) do mundo está nisto.
(6) Seu poder é pleno, se é convertido em Terra.
(7) Separarás a Terra do Fogo, o sutil do denso, suavemente e com grande perícia.
(8) Sobe da terra para o Céu e desce novamente à Terra e recolhe a força das coisas superiores e inferiores.
(9) Desse modo obterás a glória do mundo.
(10) E se afastarão de ti todas as trevas.
(11) Nisso consiste o poder poderoso de todo poder: Vencerás todas as coisas sutis e penetrarás em tudo o que é sólido.
(12) Assim o mundo foi criado.
(13) Esta é a fonte das admiráveis adaptações aqui indicadas.
(14) Por esta razão fui chamado de Hermes Trismegisto, pois possuo as três partes da filosofia universal.
(15) O que eu disse da Obra Solar foi cumprido.


Recorremos ao Dr. Gerald Encausse (1865-1916) – Papus – que cita Eliphas Levi (1810-1875) para explicar que Telesma é um agente universal, um fluído e uma força que permeia a tudo e a todos. Uma Thelema substancial que pode ser manejada e modificada. Ele escreve:


“Esse agente universal das obras da natureza é o OD dos hebreus e de Reichembach, é a luz astral dos martinistas. A existência e o uso possível dessa força constituem o grande arcano da magia prática. (…) Essa substância é a que Hermes Trimegisto chama “o grande Telesma”.Quando ela produz seu esplendor, ela se chama luz. (…) O grande agente mágico se manifesta por quatro tipos de fenômenos: calor, luz, eletricidade e magnetismo. O grande agente mágico é a quarta emanação da vida princípio, da qual o Sol é a terceira forma. (…) Quando a luz universal forma os metais, ela é chamada de azoto, quando dá vida aos animais é chamada magnetismo”.


No texto, Levi traz outros nomes para essa substância: Luz Astral e Força Odica. Como ele, associamos essa força com outras diversas substâncias espirituais, cada uma com um nome cultural próprio: Prana para os hindu, Ki para os japoneses, Chi para os chineses ou, como denominam os espíritas, Fluído Vital.

As Doutrinas Vitalistas ensinam que a força vital permeia os seres orgânicos e dá vida a eles. Essa força vital interpenetra e nutre todas as coisas do universo. Antes de ser absorvida pelos seres orgânicos é chamada de Energia Cósmica ou, nas palavras de Hermes, Telesma. Esse agente universal, como é dito no texto, pode ser manipulado. Como dito por Levi, o Magnetismo Animal é a faculdade de transformar o fluído cósmico em fluído magnético ou fluído vital. É também chamado de Mesmerismo, por conta de Franz Anton Mesmer (1734-1815) um dos primeiros a teorizar sobre o estudo do magnetismo. Nesse ponto, Telesma acaba por se tornar o fluído universal.

O Dr. Krumm-Heller também fala do Vitalismo. Ele diz que o Prana é uma força modeladora do Universo, que brota do Sol. Escreve que: “Prana é movimento, vibração, sensação de peso, luz, calor, eletricidade, magnetismo etc., especialmente em sua forma primordial. Prana é a vida do éter (…) Sem Prana não poderia haver nada vivo na Natureza”. Ao que parece, a explicação sobre o Prana é muito similar ao que Eliphas Levi fala sobre a Telesma e, por conseguinte, o Crestos Solar.

Então, Thelema na visão rosacruciana, do Dr. Krumm-Heller, inicialmente, é afastado o princípio filosófico da Thelema descrito por Crowley e se aproxima de uma explicação realista da formação do universo e da vida, como uma força que pode ser manipulada magicamente.


CRISTO EM CONSCIÊNCIA

Seguindo a linha de pensamento, na qual o Dr. Krumm-Heller entendia Cristo e Thelema como forças impessoais, inferimos, então que a Força Consciencial Cristônica também é impessoal. Podemos entender melhor esse conceito Vontade Universal lendo um trecho da obra “Uma Aventura entre os Rosacruzes”, de Franz Hartmann:


“- Tudo não passa de efeito deste poder primordial, único, chamado Vontade, pelo qual o mundo veio à existência – disse o Imperator dos Rosa-cruzes de Ouro. – Ela pode manifestar-se de muitos modos e nos sete distintos planos de atuação como força mecânica ou como influxo espiritual; porém, é simplesmente o mesmo poder divino e único da Vontade, movida pelo harmonioso conjunto instrumental do organismo humano, dirigido pela inteligência.
– Então, disse eu – intentar fortalecer a Vontade deve ser o fator mais imediato e necessário?
– Não – respondeu Imperator. – A Vontade é uma força universal que sustém entre si os mundos no espaço e causa as revoluções planetárias; existe em toda parte e a tudo penetra, não havendo necessidade de fortificá-la, porque ela é suficientemente poderosa para conseguir o que deseja. Vós não sois mais do que um instrumento, por meio do qual esta força universal pode agir e manifestar-se; podeis experimentar a plenitude do seu poderio se não tratardes de oferecer-lhe resistência. Porém, se imaginais possuir uma vontade vossa, na qual a ação difere da Vontade Universal, na realidade, não fazeis outra coisa do que subtrair dela um fragmento insignificante, opondo-a à grande força original. Se vós imaginais de posse de um vontade exclusiva e própria, no mesmo instante entrais em conflito com a potência energética do universo e sendo, como sois, uma partícula insignificante dele, sereis aniquilado, causando vossa própria ruína. Vossa vontade não pode usar o seu poderio senão quando se harmoniza com a vontade do Espirito Universal; ela será tanto mais forte, quanto menos a empregardes em benefício próprio e por isso deveis permanecer sempre obediente à lei. (…) Porém é lícito submeter a razão e a inteligência ao serviço e guia da força voluntária universal, já existente na Natureza para conduzi-la; assim podemos acelerar o ritmo da vida inconsciente de mais lento movimento, sem nosso auxílio ou intervenção”.


A Vontade apresentada por Hartmann não é a Vontade individual, apesar de atuar no individuo, é um princípio universal, análogo a Divina Providência. Como expresso por Paulo de Tarso: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim” (Gálatas 2:20). Desta forma, podemos entender a Vontade como uma Força Impessoal, como é invocada na Missa Gnóstica do Mestre Huiracocha: “Vem, Santo Querer, Divina Energia Volitiva. Transforma a minha vontade fazendo-a una com a Tua”.

Assim, para o Dr. Krumm-Heller, Thelema é a Vontade Divina Universal, na qual atua sobre toda existência. Como escrito por ele mesmo, Thelema é a Vontade atuante na Luz. E a Luz é o Cristo. A Vontade provém do Crestos Cósmico, a fonte universal que todos podem beber. A diferença entre Crowley e o Dr. Krumm-Heller é a origem dessa Vontade.

Para Crowley, a Thelema brota no próprio homem, “Todo homem e toda mulher é uma estrela” (AL I:3). Frater Achad escreveu o ensaio Passando do Velho ao Novo Aeon , no qual explica que a partir do momento em que o homem passar a se identificar com o Sol, ele passará a ser um Deus, pois será a fonte de luz:

“Você sabe o quão profundamente nós sempre ficamos impressionados com as ideias de Sol nascente e Sol poente, e como os nossos antigos irmãos, vendo o Sol desaparecer à noite e nascendo novamente na manhã seguinte, basearam as suas ideias religiosas neste conceito de um Deus Moribundo e Ressuscitado. Essa á a ideia central da religião do Velho Æon (…). O Sol não morre, como acreditavam os antigos; ele está sempre brilhando, sempre irradiando Luz e Vida. Pare por um momento e tenha uma clara concepção deste Sol, como Ele está brilhando já cedo pela manhã, brilhando ao meio-dia, brilhando à tarde e brilhando à noite. Você percebeu esta ideia claramente em sua mente? Você acabou de sair do Velho Æon e entrar no Novo.


Agora consideremos o que aconteceu. O que você fez para obter essa imagem mental do Sol sempre brilhante? Você se identificou com o Sol. Você saiu da consciência deste planeta; e por um momento você teve que se considerar um Ser Solar”.
No novo Aeon de Hórus, a era thelêmica, da criança conquistadora, todo homem e toda mulher passam a ser deuses, co-criadores do Universo.

THELEMA DO AEON DE HÓRUS OU DO LOGOS SOLAR

Primeiramente, devemos entender que a maioria das escolas esotéricas buscam fortalecer a Força de Vontade de seus membros. Mas a Vontade da Thelema não é o mesmo que Força de Vontade. Essa é uma característica psicológica do homem, não se compara a Thelema, que transcendente o mundo humano.

Percebemos que o Dr. Krumm-Heller também individualizou a Vontade Divina como ensinado pela Lei da Thelema. A busca por Cristo não é o mesmo que pregado nas Igrejas. A Fórmula da Thelema para o Aeon de Hórus é “Faze o que tu queres, há de ser o todo da Lei” (AL I:41) e foi modificada por Dr. Krumm-Heller para “Haz lo que quieras. Esta es la única Ley; pero piensa que de todos tus actos tienes que dar cuenta. Fíjate en esto, que lo que emana de esta Ley, arranca de estas 5 fuentes; ¡Luz! ¡Amor! ¡Vida! ¡Libertad! ¡Triunfo!” (tradução nossa: Faze o que tu queres. Está é a única Lei; porém pensa que tereis de dar conta de todos os seus atos. Atenta nisto, que a emanação desta lei brota destas cinco fontes: Luz, Amor, Vida, Liberdade e Triunfo!). Ou seja, mesmo que a fonte da Vontade seja externa ao homem, na figura do Crestos Solar, seu cumprimento depende de como o homem expressa isso, como é dito na advertência kármica do Mestre Huiracocha, tereis de dar conta do seus atos.

Por suas raízes no Teosofismo, vemos que a identificação com a divindade se faz no Eu Superior. A Thelema não brotaria nos corpos inferiores, pois como é dito por Crowley: “’fazer sua Vontade’ não é o mesmo que ‘fazer o que se deseja’. A Lei é a apoteose da liberdade; mas é também a mais estrita das injunções” (Liber II). Vivendo a Lei da Thelema, o Eu Superior atuaria sobre os corpos inferiores. Rudolf Steiner explica que o corpo astral, assim espiritualizado por um trabalho consciente do homem, será transformado naquilo que ele denominou de Personalidade Espiritual. Essa atuação será do Manas sobre o Corpo Astral, posteriormente, o Espírito Vital (budhi) será o Corpo Vital transformado e, por fim, o Homem Espirito (atmã), o Corpo Físico transformado. Vemos nisso grande proximidade  do conceito de Personalidade Espiritual com a Verdadeira Vontade.

Cristo é a Luz do Logos Solar e essa Luz modifica nosso Corpo Astral, tornando um Corpo Astral Cristificado. O Crestos Mediador. Com esse veículo chegamos ao Pai Solar. Crowley alude sobre isso:

“Tu deves (1) Descobrir qual é a tua Vontade. (2) Fazer aquela Vontade (a) de modo unidirecional, (b) desapego, (c) paz. Então, e somente então, tu estarás em harmonia com o Movimento das Coisas, tua vontade será parte de, e portanto igual, à Vontade de Deus. E já que a vontade é nada mais que o aspecto dinâmico do ser, e já que dois seres diferentes não podem possuir vontades idênticas; então, se a tua vontade for a vontade de Deus, Tu és Aquele”.


 Concluímos, que a consciência Cristônica do Logos Solar não é a ética moralista pregada nas igrejas. Mas também não surge como revela Crowley. Seria como a experiência mística de Pentecostes ou de Paulo de Tarso. Nesse último, o próprio Cristo em espírito encontrou com Paulo nas portas de Damasco, ou seja, Cristo veio até ele. Nesse estado de União Mística com a Vontade Divina, muitos anos transcorreram até que Paulo se harmoniza completamente com a Divindade. Se Cristo pode expressar-se individualmente, então, há uma Verdadeira Vontade para cada ser humano.

ADENDO: AMOR E ÊXTASE

Os atos de Thelema são atos de amor. Crowley explica que a Vontade é a Lei e a natureza daquela Vontade é o Amor. Como dito no axioma: “Amor é a lei, amor sob vontade”. Mas este Amor é como se fosse um subproduto daquela Vontade; ela não contradiz nem substitui aquela Vontade (Liber II).

Explica São Tomás de Aquino, na Summa Theologiae, que o Amor produz o êxtase. Ora, sendo todo amor semelhante ao amor divino, resulta que todo amor causa o êxtase que faz meditar no ser amado e faz abstrair dos outros, levado para fora de si mesmo. Aqui lembramos do conceito Rosa-Cruz de Crowley, a união dos opostos, dos amantes em um amor orgástico. No livro Logos Mantram Magia, o Dr. Krum-Heller escreve: “Deus se manifesta sempre como Deus, mediante a linguagem e a escrita. O que no estado físico é o som ou tom, é o Êxtase no plano espiritual. O mais sublime é compreensão extática, como resultado ou síntese dela, é a ascensão à Deus” (tradução nossa).

No entanto, esse amor para o Dr. Krumm-Heller é o Amor Consciente. Como advertido por ele (“tereis de dar conta do seus atos”). Assim, como há uma busca para descobrir a Vontade Divina, há uma busca para descobrir o ritmo perfeito do Amor em cada ser. Finalizamos com um trecho do livro Biorritmo:

“Amem uns aos outros. Essa é a Lei Suprema, a Lei que tudo rege, que a tudo harmoniza (…). Mas é preciso não perder o nosso lema: Faz o que tu queres. Ou seja, faça tua vontade. Cumpra como entendas. Procede como quiser. Mas… sempre dentro desse grandioso mandamento do Amor. Nosso próprio Mestre, nosso Ego Interno, quer AMAR constantemente. Constantemente quer harmonia. Luta a todo o momento para encontrar sua nota (…). Até que um dia, uma delas, a mais preciosa, a única, vibrará em toda a sua extensão o ritmo do Amor” (tradução nossa).


Texto de Acauã Alves Galvão

(Reproduzido aqui com permissão do autor) 
quarta-feira, 28 de novembro de 2018

A importância de Thelema para FRA

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Thelema (Verdadeira Vontade) é uma Lei revelada ao mundo em 1904 e.v. pelo Mestre Therion (Aleister Crowley), através da recepção do Liber Al vel Legis - O Livro da Lei, chamado pelos thelemitas, "Documento fundamental do Aeon de Aquarius-Leo"; A Palavra Thelema foi adotada na FRA como uma "divisa", um "lema", proclamada na Missa e em alguns rituais de Grau. Desta forma, a FRA, embora tenha proclamado este lema, não é uma "Ordem Thelêmica", isto é, não tem a função de disseminar a Lei de Thelema no mundo.

O Mestre Huiracocha, como todos os nascidos antes de 1904 e.v., sendo um cristão-gnóstico, teve dificuldades de aceitar o Capítulo III do Liber Al vel Legis, onde é citado um expurgo das religiões do Aeon de Osíris, cuja fórmula iniciática tem por base a lenda do Deus Sacrificado. Assim nestas religiões (como o Cristianismo Ortodoxo), para se alcançar a Grande Obra é necessário a morte do ego para a libertação do Espírito. Mesmo contrário ao capítulo III do Livro da Lei, o Mestre Huiracocha não aprovava a morte do ego, mas sua transformação. Para isso elaborou os cursos de treinamento aonde este ego se voltava totalmente para a Grande Obra. Mesmo que muitos thelemitas não percebam isso, a FRA, embora um sistema completo e independente, de caráter Rosacruciano Gnóstico é, sem dúvida, uma das melhores percepções de como podemos ir do velho ao Novo Aeon. Bem, isso se o sistema não for desfigurado por falta de entendimento ou de propósito, por seus atuais dirigentes.

Mestre Therion é o Profeta do Novo Aeon, revelador de uma nova Lei, cujo método de Iniciação, chamado também de Grande Obra, visa a experiência essencial do ser humano: Visão e Conversação do Sagrado Anjo Guardião. Desta experiência mística única, podemos dizer que ela se realiza quando, alegoricamente, dizemos: "Os Céus se uniram à Terra; as Trevas se fundiram à Luz; o Noivo encontrou sua Amada, Alma Gêmea de sua Alma; eis o Casamento Alquímico, eis a Pedra Filosofal". Sem dúvida, este também foi a ideia do Mestre Huiracocha, explanada em sua linguagem rosacruciana e gnóstica, cujo elo é a Lei de Thelema, pois, seja o Mestre Therion ou Mestre Huiracocha, a Verdadeira Vontade é a Vontade Divina em nós.

Deste modo, a Lei de Thelema é vista como uma parte dos ensinamentos da FRA. O Mestre aplicou os princípios da Lei em sua exposição sobre os ensinamentos rosa-cruzes, porém considerou que necessitavam de uma "salvaguarda moral". Assim, adotou o axioma "Faze o que tu queres, mas sabe que darás conta de teus atos".

É incrível como muitos membros da FRA, não entendendo Crowley e sua Obra, tendo por base os comentários de críticos mordazes, recusam-se a perceber ou desconhecem que os Rituais dos Graus I e II são paráfrases adaptadas dos Capítulos I e II de Liber Al vel Legis, \um Sagrado Livro que mereceria ser estudado por cada membro da FRA, sem nenhum obstáculo. Seria de grande valia para um melhor entendimento dos rituais, pois trocados os trechos parafraseados, algumas verdades se tornam evidentes. Em nada alteraria a visão de Mestre Huiracocha, mas dariam aos membros uma nova visão. Sempre uso o exemplo: "Qual a metade de dois mais dois?" A maioria responde wue é dois  e montam a fórmula matemática (2+2)/2=2, Mas se montarmos a  expressao 2/2 +2 o resultado é 3, correto?". Perceberam ou n ão?

Assim, tire Thelema da FRA e mutilará o sistema desenvolvido pelo Mestre Huiracocha. Tire Thelema da FRA e cristalizar-se-á o Caminho e já não mais haverá referência ascensional, mas aquela do repetitivo círculo. A FRA é um profundo caminho. A obra do Dr. Krumm-Heller é um legado para o mundo, ele um verdadeiro iniciado e Mestre, um Rosa-Cruz. 


(Por Marcos Pagani, com adaptações de Acauã Silva)
segunda-feira, 26 de novembro de 2018

Biografia de Mestre Huiracocha



Arnold Krumm-Heller – Soberano Comendador da FRA, Patriarca da Igreja Gnóstica - (1876-1949), nasceu na Alemanha, em 16 de abril de 1876, sob o signo astrológico de Áries. Estudou Medicina e Ciências Naturais na Alemanha, França, Suíça e México, concedendo-lhe a Universidade do México o título de Doutor Honoris Causa.

Colaborou em inúmeros jornais e revistas. Foi redator do Diário do Comércio, de Barcelona (1926). Realizou várias excursões científicas no Canadá, na Califórnia, em Cohuila, em Oaxaca, no México,  na América Central, no Peru, no Brasil, no norte do Chile, nas Ilhas Orcadas (Inglaterra), na Hungria, na Itália e no Oriente.

1876: Nascido em 15 de abril, na cidade de Siegen, Alemanha; região famosa por suas minas de ferro, a indústria do aço e mineração e escolas mecânicas. Filho de Ferdinand Krumm-Heller, Alemão, e Ernestina Krumm-Heller, Mexicana. Batizado com nome de Heinrich Arnold Krumm-Heller na Igreja Luterana local.

“Educado sob os carinhos de mãe exemplar, que tudo sacrificou pela minha educação. Tornei-me homem sem nunca me Ter dado ao trabalho de pensar, sequer, em filosofia e religião, deixando aos padres e aos especialistas a árdua tarefa dessas preocupações” (Autobiografia do Dr. Krumm- Heller).

“Educado sob os carinhos de mãe exemplar, que tudo sacrificou pela minha educação. Tornei-me homem sem nunca me Ter dado ao trabalho de pensar, sequer, em filosofia e religião, deixando aos padres e aos especialistas a árdua tarefa dessas preocupações” (Autobiografia do Dr. Krumm- Heller).

“Depois do último beijo de despedida, deixei a boa e santa mãezinha na Alemanha e parti, saudoso, em busca dessa terra que hoje, considero a minha segunda pátria; a América Latina. Fui residir, primeiramente, no Chile, um dos países mais adiantados e mais formoso do continente americano” (Autobiografia do Dr. Krumm-Heller).

1893: (Período Espiritista) Falece sua mãe, ele com 17 anos fica atormentado. Fato esse que causou grande comoção em sua vida e o despertou para os estudos espiritualistas. "Uma obra de Allan Kardec, uma filosofia que conhecia desde criança, era sua salvação. Aquela leitura o tirou fora do marasmo da sua aflição e conseguiu melhorar seu humor" (Tshade).

Para propagar o espiritismo, funda uma revista “El Reflejo Astral”. A revista o levou a entrar em contato com um espiritualista catalão, chamado Leon. Ele envia para Dr. Krumm-Heller diversas obras esotéricas, entre elas “A Doutrina Secreta” (1888), de H.P. Blavatsky.

“Mal coloquei-a em circulação, fui procurado por um Senhor de Barcelona que me felicitou pela propagação de tais idéias, em um país onde o fanatismo católico exercia tão decisiva influência. Ofereceu-me várias obras, entre as quais “Depois da morte”, de Leon Denis, e a “Doutrina Secreta”, de Blavatsky” (Autobiografia do Dr. Krumm-Heller).

1896: (Período Teosófico) Com 20 anos, entra em contato com a Sociedade Teosófica, e recebe instruções por correspondência. Pública o livro “Mi Sistema”, aparentemente uma compilação dos escritos da revista. E deixa de ser espírita.

“Eu e milhares de iniciados em ocultismo não negamos a realidade e a possibilidade do fenômeno espírita; na minha primeira conferência encontrareis a minha opinião a respeito. A diferença que existe entre os espíritas e os ocultistas é que os primeiros se valem de meios ou instrumentos para entrar em comunicação com o plano astral (o Além, como chamam) e nós desenvolvemos a faculdade que nos tornam, não passivos, inconscientes ou conduzidos por um guia, porém, ativos, conscientes (salvo casos especiais) e nos permitem, ingressar, voluntariamente, em outros planos. A obra de Blavatsky induziu-me a suspender a publicação da revista” (Autobiografia do Dr. Krumm- Heller).

1897: Casa-se no Chile com Rita Aguirre, sua primeira mulher. Dela nasce o primeiro filho, Hiram Krumm-Heller Aguirre. Dois meses após o casamento, ele se matrícula na Sociedade Teosófica. “Deixou de ser um espírita por sentimento e tornou-se um ocultista por consciência” (Tshade). Em 31 de março, do mesmo ano, Dr. Krumm-Heller é diplomado membro da Sociedade Teosófica, assinado pelo presidente Henry Stell Olcott (Revista “Rosa Cruz”, janeiro 1929, p.153).

As controvérsias de Dr. Krumm-Heller com a Sociedade Teosófica surgiram somente posteriormente, com a proclamação em 1923 de Annie Besant, presidente da Sociedade (1907), que Krishnamurti era o messias desta era. Dr. Krumm-Heller afirmou em seus escritos ser um verdadeiro teosofista, sem reviravoltas modernistas ou novas extravagâncias, em estrita observância e respeito aos estudos.

1898: (Período Martinista) Krumm-Heller muito impressionado pela vida do Marquês de Pasqually, Saint Martin, e de Eliphas Levi, escreve do Chile para o Diretor-Geral da Ordem Secreta do Martinismo, Papus (nome místico do doutor Gérard Encausse, médico, Diretor-Geral da Ordem Martinista, Presidente do Conselho da Ordem Kabalistica Rosa Cruz, maçom, membro da Golden Dawn no Templo de Ahathoor de Paris entre outros grupos e projetos). Este recomendou que conhecesse o representante da Ordem Martinita em Buenos Aires, Doutor H. Girgois, sob os cuidados do instrutor Arthur Clement.

(Período Indigenista) A Teosofia influenciou seu estudo do hermetismo em relação às religiões comparadas e aos cultos antigos. E o contato com os martinistas aproximou as possibilidades de realizar pesquisas de campo pela América do Sul junto com Dr. Girgois, autor de “Lo oculto en los aborígenes de la América del Sur”. Dr. Krumm-Heller viajou ao Chile e Argentina para estudar as tradições dos índios Mapuche.

“Blavatsky e outros haviam escrito com muito entusiasmo sobre restos arqueológicos dos Incas do Peru e dos astecas do México” (Autobiografia do Dr. Krumm-Heller). Sendo o Peru mais próximo, viajou para lá, e viajou a cavalo durante algum tempo e escavou as ruínas de Cuzco. Em seu livro “Del Incienso a la Osmoterapia”, diz como no oriente, as civilizações americanas sabiam o uso de essências e perfumes e ainda os índios Quechua e Aymara viajam por todo altiplano oferecendo suas ervas sagradas. Ali conheceu uma senhora que utilizava como medicamente folhas de coca, colhidas em determinadas fases da lua. Depois de visitar os restos arqueológicos de Cusco, recebeu informações sobre o Caminho Real (Capac Nan), um caminho enigmático com ruínas incas e pré-Inca, com uma vista muito partícular: “La Salida del Sol”, que ilumina toda floresta. Ele pega a trilha Antisuyo sai da cidade de Cusco até Antisuyo, visitando muitas ruínas, como Pisac. Na viagem, nas Chullpas (tumbas) de Ninamarka, perto de Cusco, na província de Paucartambo (3,000 metros acima o mar), Dr. Krumm-Heller entra em êxtase com a natureza e tem uma visão mística.

"Sentado em uma das ruínas mais famosas, contemplando ao meu redor esse panorama sublime (…). Sobreveio uma espécie de vertigem, um êxtase, no qual os mistérios da natureza se revelavam ante minha vista. As vibrações do grande todo se confundiam em mim tornando-me assim, simples microcosmos em relação ao macrocosmos" (Autobiografia do Dr. Krumm-Heller).

Essa experiência mística se repete em outros lugares de natureza exuberante, como Assmanshausen, Alemanha; Canal Smith, Terra do Fogo; Tirol, Cataratas do Niagara, Alpes Suíços e no Rincón de Maria, México. Krumm-Heller observa que ao estudar com Papus (Escola Hermética) conseguiu a chave para ter acesso à vontade de estados de êxtase místico, “Papus me deu o que eu ansiava por me apresentar ao verdadeiro caminho da iniciação; me deu as chaves que põem conscientemente sobre as vergas do mundo invisível, o anfiteatro da mansão dos mortos” (Autobiografia do Dr. Krumm-Heller).

Em Paucartambo – Cusco, Krumm Heller foi estabeleceu na casa de uma família alemã, chamada de Odmeister, então, começou sua pesquisa para na área agora chamada de “Tres Cruces” (4860 m), que fica em frente da montanha chamada “Apu Cañajhuay”. Lá entra em contato com a comunidade indígena dos Q'ero. Junto com os sacerdotes xamânicos dos Q'ero ou Altomesayoc, o Dr. Krumm-Heller participou de alguns ritos antigos. Em uma desses rituais, ele recebeu a influência espiritual que os Q'eros chamam de Huiracocha (Pilares Villa Ruben). O próprio Krumm-Heller confirma isso em sua revista em 1930, que diz: “embora em graus posteriores tenha dado outros nomes, eu gosto do primeiro, como ele traz memórias belas e sagradas”. Depois de Cusco, Krumm-Heller e Girgois viajam para Puerto de Mollendo em Arequipa. Girgois retorna para Buenos Aires e Krumm-Heller viaja para Europa.

1900: Dr. Krumm-Heller participa do Congresso Teosófico de Nurenberg, no qual apresenta sua pesquisa realizada na América: “O Culto do Sol entre os Incas Antigos”. Diz Krumm-Heller que estreitou relações com o famoso Doutor Franz Hartmann. Após o Congresso retorna ao México, mas volta à Europa novamente.

1902: (Período Maçônico) Época em que ele é iniciado no Rito Escocês Antigo e Aceito, na Alemanha. Nessa época aproximadamente, ele conhece pessoalmente Alberto de Sarak (Conde de Das), chefe do “Centre Esotérique Oriental” e fundador do “Oriental Esoteric Center of the United States, sob a obediência do Supreme Esoteric Council of the Initiates of Tibet”, na qual Krumm-Heller é feito membro, saindo em 1908. Conhece Franz Hartman (1838-1912). Começa estudar medicina e ciências naturais na Alemanha, França e Suiça.

1906: Aos 26 anos de idade, Arnold Krumm-Heller foi iniciado por Papus e sagrado ao sacerdócio da Ecclesia Gnostica. Huiracocha foi iniciado também na Ordem Martinista, mas de data incerta, na loja Hermanubis em Paris. Há influências do Martinismo existem na FRA. De ordem prática, principalmente as técnicas de vocalização (postura, entonação, gestual). Além, toda a preparação devocional para as práticas é de “inspiração” martinista (via cardíaca). Também foi iniciado na Ordre Kabbalistique de la Rose-Croix.

Sobre a Igreja Gnóstica: O Patriarca Valentin II – Jules Doinel funda a Igreja Gnóstica da França (Église Gnostique de France, 1890) com base nas doutrinas teológicas de Simão o Mago, Valentin e Marcus, e com uma Liturgia Gnóstica complementar, de origem Cátara, ele compôs a sua Igreja Gnóstica. Jules Doniel chega a consagrar como Bispo, personagens como Papus (Tau Vincent, 1892), Fugarion (Tau Sophronius), Fabre de Essarts (Tau Synesius) e Lucien Chamuel (Tau Bardesane). Papus decreta então que a Igreja Gnóstica de Doinel, seria a Igreja oficial dos Martinistas. Em 1896, Synesius – Bispo Fabre de Essarts sucede o ex-patriarca. Ele consagra como bispos Léon Champrenaud (Tau Théophane/1870-1925), para Versailles; René Guénon (Tau Palingénius/1886-1951) para Alexandria e Jean Bricaud, da Ordem Martinista (Tau Johannes ou Jean, 1902) como Bispo de Lyon em 1901.

1907: Bricaud e Papus rompem com Fabre de Essart e fundam a dissidente Igreja Gnóstica Cathólica (Église Catholique, 1907), tornando-se a igreja oficial dos martinistas, possui como Patriaca Tau Vicent (1892-1911), posteriormente, Tau Jean (1908-1934). A Igreja Gnóstica da França permanece até Léon Champrenaud (Tau Theophane).

1908: “Congresso de Espiritualidade e Maçonaria” em Paris, por Papus, que aconteceu no templo parisiense da Loja Maçônica Droit Humain. Krumm-Heller iniciado no Rito Antigo e Primitivo de Memphis e Mizraim de Theodor Reuss, até o grau 97º.

Theodor Reuss (1855-1923), fundador da Ordo Templi Orientis (O.T.O.) e membro da Golden Dawn, troca títulos com Papus e reveste o mesmo de poderes para estabelecer um Supremo Grande Conselho Geral dos Ritos Unidos da Antiga e Primitiva Maçonaria para o grande Oriente da França, delegando a Papus autoridade sobre os Ritos de Memphis e Mizraïm. Papus, Bricaud e Fugarion, por sua vez, conferem a Theodor Reuss o título de autoridade primaz sobre a Igreja Gnóstica Católica (IGC) que passa a fazer parte da O.T.O. E Papus, Bricaud e Fugarion mudaram o nome da igreja para Igreja Gnóstica Universal (Église Gnostique Universelle, 1908). Nesse momento há três vertentes gnósticas: a Igreja da França de Essarts, a Igreja Universal dos martinistas de Papus, a Igreja Católica de Reuss que posteriormente torna-se uma Igreja de cunho thelemita, nas mãos de Crowley. E por outra linha a Igreja Gnóstica de Eleusis do Dr. Peithmann (Basílides).

No Congresso, Krumm-Heller é nomeado, em 13 de março “Delegado Geral do Chile, Peru e Bolívia” da Ordem Martinista. Um mês depois, em Abril, ele recebe a autorização de Charles Détré para abrir lojas Martinistas. Krumm-Heller foi promovido a bispo da Igreja Gnóstica Universal e recebeu delegação para introduzir a jurisdição de seus cultos nos países de língua espanhola e portuguesa.

Ele também recebeu, sem custo, um documento de Theodor Reuss, datado 15 de março de 1908, a nomeação de “General Gross – Representanten für México” do Soberano Santuário do Antigo e Primitivo Rito de Memphis e Mizraim. Ocorre que no início de 1908, Theodor Reuss, inebriado com a fixa ideia de expandir sua Ordem e levá-la também as terras latinas, viu em Krumm-Heller essa oportunidade e o nomeou Representante Geral da Ordem para o México. Foi feito grau Xº O.T.O. para aquele país. Mas Krumm-Heller não desenvolveu nada que pretendia Reuss. Ele só utilizou o título de modo formal. Como na introdução do livro Logos, Mantram, Magia, Huiracocha declara abertamente que: “Yo […] que soy miembro de más de veinte sociedades secretas, como la O.T.O. y A. A. en los cuales tengo el último grado…”.

"Deste modo, embora com status legal de representante da O.T.O. de Reuss para o México, o fato é que Krumm-Heller simplesmente não chegou a desenvolver qualquer tipo de trabalho ou iniciativa, mínima que seja relacionada a esta ordem propriamente dita. Até mesmo pelo contrário, as poucas situações que o ligam ao líder universal da O.T.O. sugerem que ele de certo modo teria preferido, aos poucos, distanciar-se dos propósitos e da ideologia defendidos pela Ordem de Reuss" (Carlos Raposo).

OBS: Theodor Reuss (fundador da O.T.O. – Ordo Templi Orientis) havia nomeado, em 1908, o Dr. Arnold Krumm-Heller com o grau máximo OTO, grau este que lhe dava autoridade e poder de representar a O.T.O. em qualquer país. Já, Aleister Crowley, ingressou na O.T.O. de Reuss só em 1910 (dois anos depois) e somente ganhou o tal título em 1912, quando então tornou-se representante da O.T.O. na Grã-Bretanha.

1908: publica o livro “No Fornicarás”. Obra na qual explica de forma sintetizada alguns temas sobre magia sexual, que havia recebido de Papus e outros mestres da Europa.

“Se os irmãos Rosa-cruzes buscam obras gnósticas em bibliotecas, desde que os bibliotecários não tenham seguido o exemplo de São Jerônimo, de queimar todos os livros acerca de questões sexuais, encontrarão verdadeiras maravilhas, como eu encontrei, os Gnósticos que me deram as chaves da magia sexual. Alguns teósofos me chamam de mago negro, porque me ocupo desses assuntos, mas estão todos de acordo que em termos de autoridade de magia sexual, eu tenho realizado muitos anos essa disciplina, a mais de vinte anos, meu primeiro livro “No Fornicarás”, que era muito atraente. Hoje só encontrado em bibliotecas” (Dr. Krumm-Heller, Revista Rosa-Cruz, 1930).

1908-1909: Em seu retorno da Europa, após a conclusão dos cursos de Medicina, viaja para o México, se filia à Gran Logia Masonica Valle de México, que tinha como V.M. Ramón I. Guzmán. É iniciado no grau 30º Cavaleiro Kadosh. Posteriormente, Krumm-Heller chega ao grau 33º de Soberano Inspetor Geral do Rito Escocês Antigo e Aceito, quando regressou para Europa, anos mais tarde. Ele atua como médico homeopata da escola de Samuel Hahnemann. Ele também funda a loja martinista, dirigida pelo Coronel Alfonso Montenegro.

No México, ocupou, por alguns anos, o cargo de Professor de línguas, na Escola Nacional Preparatória e foi Inspetor de escolas estrangeiras, no Ministério de Instrução Pública.

1910: publica o livro “Los Tattwas y su aplicación en la vida diaria”.

1911: Krumm-Heller se tornou médico particular de Madero, no início de 1911. Ele publica o livro “Humboldt” e “El Zodiaco Azteca en comparación con el de los Incas”.

1912: publica o livro “La Ley de Karma”.

1913: no caos político, seu amigo maçom, Francisco Madero (líder da Revolução Mexicana de 1910 e Presidente do México 1911-1913) morre. Krumm-Heller é obrigado a morar no interior do México. Atua como Médico Diretor do Hospital Militar de Tampico.

Em junho de 1913, o governo Victoriano Huerta prende Krumm-Heller por hospedar um “encontro de socialistas e anarquistas.” A Alemanha interveio em sua libertação, mas o considera doido. Dr. Krumm-Heller viaja para Guatemala e no México pesquisando a língua Nahua e seus dialetos, e as culturas maia e asteca.

Krumm-Heller reaparece em El Paso, no verão de 1913, reuniu-se com Carranza. Ele tornou-se chefe da artilharia do general Obregon, uma divisão com muitos mercenários alemães e americanos. Krumm-Heller publica o livro “Conferencias esotéricas”.

De acordo com a American Military Intelligence Division MID, Krumm-Heller trabalhou no Serviço Secreto mexicano em janeiro de 1912. Um ano mais tarde, depois do assassinato de Madero, Krumm-Heller se tornou um agente secreto para Carranza, que o enviou em missões diplomáticas para o Texas. O então governador Ferguson, com a insistência do agente do serviço secreto alemão, foi o primeiro estado dos EUA a reconhecer formalmente os constitucionalistas como governo legítimo do México. Carranza também enviou Krumm-Heller em missões diplomáticas para a Argentina e Chile. No Exército obteve a patente de Coronel Médico Militar. Ocupou o cargo de diretor Geral das Escolas Militares.

1914: Victoriano Huerta deixa a presidência do México e as tropas de Venustiano Carranza são vitoriosas. Entretanto, as tropas de Pancho Villa e Zapata atacam.

1915-1918: Dr. Krumm-Heller retorna para Europa. Na Primeira Guerra Mundial, Krumm-Heller trabalhou para o serviço secreto alemão. Em uma missão para a Alemanha, as autoridades britânicas prenderam em Falmouth como um espião. Por causa de sua cidadania mexicana ele retorna para Berlim, onde o agente passou o resto da guerra como o adido militar da embaixada mexicana na Suiça e Alemanha.

1916: Morre Papus. Charles Detré assumiu Memphis-Mizraim e Martinismo até sua morte em 1918. E Bricaud a Igreja Gnóstica. Neste ano, Dr. Krumm-Heller recebe o título acadêmico “Doctor Honoris Causa”, no México.

1916: Krumm-Heller publica o livro "Für Freihert und Rect.

1917: Após a vitória de Carranza, Dr. Krumm-Heller atua como representante diplomático do México na Europa. Viajando para diversos países. Enquanto no México, ele também fundou a Sociedade da Cruz de Ferro, uma ordem germânico-imperialista, com Carranza como chefe e ele mesmo como secretário. Para ele, o México de Carranza resistiria à tentação dos EUA, e seguiria o chamado espiritual da Alemanha, redescobrindo seu passado da raça Asteca.

1917: publica o livro “Alfredo” e “Hertha das Strasenmädchen”.

1918: fim da Primeira Guerra.

1918: publica o livro “Der Rosencreuzer aus México” e “México Mein Vaterland”.

1920: morre o Presidente Carranza no México. Ele regressa para Alemanha e atua como agente diplomático do governo mexicano na Alemanha e Suíça, até o governo de Obregon.

Nessa época ele se casa novamente, com Carlota Krumm-Heller de cuja união nascem Guadalupe, Cuauhtemoc, Parsival e Sieglinde. Ele também vende produtos homeopáticos e naturais.

1920: nessa década conheceu Rudolph Steiner (1861-1925), o fundador da Sociedade Antroposófica. Rudolph Steiner era membro e secretário da Sociedade Teosófica, ramificação alemã que não estava diretamente vinculada ao movimento de Helena P. Blavatsky. Em 1912, Steiner se uniria a alguns dissidentes da Sociedade Teosófica e fundaria a Sociedade Antroposófica.

Neste ano, o livreiro Tränker funda então uma nova ordem rosacruciana em Berlim, na forma de uma editora. Tränker havia lido a palavra Pansophia em algum trabalho Rosa-Cruz de Comenius (1592-1670), e Dr. Krumm-Heller usava o selo “SOCIETAS PANSOPHIA” (Sociedade Pansófica) em suas cartas. Ela significa todo o conhecimento. A ele, o Mestre Huiracocha dedicou a obra “Logos, Mantram, Magia”, ao lado de Aleister Crowley (Perdurabo) e Peithman (Basilides). Franz Bardon também fazia parte da sociedade.

1921: aparece o primeiro número da Revista “Der Rosenkreuzer”. Dr. Krumm-Heller apresentava-se publicamente, ao lado de Theodor Reuss (Peregrinus), como membro do círculo hermético de Rosacruzes alemães anteriormente capitaneados por Karl Kellner e Franz Hartmann.

1923: falece Theodor Reuss.

1924: (Período Rosa Cruz) Arnold Krumm-Heller reside na Espanha, onde (aliado ao excelso Mestre Saint Germain o instrui no astral) se acercou da Loja Branca de Montserrat (Barcelona). Lá se encontra o Santo Graal Místico da Rosa-Cruz. Depreende-se, da oração do Bendito Seja, como em Montserrat, nos Hahuas, Krumm-Heller também pode ter recebido alguma iniciação. Começa seu apostolado como Mestre Rosa Cruz quando traduz em espanhol seu romance “Der Rosencreuzer aus México”.

1925: As duas ordens herdeiras da Pansophia, a Ordem das Fadas e dos Mosqueteiros da Rosa-cruz, em 1928, (hoje Fraternitas Rosicruciana Antiqua) e a Fraternitas Saturni, em 1925, (hoje Ordo Saturni), ambas estabelecidas após a Convenção de Weida – na qual Arnoldo Krumm-Heller se fez representar pela Irmã Martha Kuntzel –, foram as duas primeiras Fraternidades iniciáticas a incorporar a chamada Lei de Thelema sem submeterem-se à chefia do Mestre Therion (Aleister Crowley).

1926: publica o livro “Rosa Cruz”. Tränker mantêm a Loja Pansophica independente até seu fechamento em 1926.

1927: Dr. Krumm-Heller começou em Badalona (perto de Barcelona) a publicação da revista Rosa-cruz, inicialmente no México, depois de ampla tiragem para todos os países da América Latina. Lá trabalha como editor do “Diario de Comercio”. A revista abordava várias questões, entre saúde, astrologia, doutrina Rosa-cruz, tatwas, alquimia, naturalismo, mantras, gnosticismo e medicina espiritual, bem como notícias do mundo e dicas de leituras.

Nesse tempo, Krumm-Heller inicialmente deu autoridade a H. Spencer Lewis para operar a FRA nos EUA. No entanto, mais tarde ele cortou seus laços com Lewis, porque ele passou a acreditar que a AMORC foi sendo operada como um negócio, e não como uma fraternidade de caridade. Mais tarde ele se ligou com R. Swinburne Clymer, FRC (Fraternitas Rosae Crucis).

1927: publica o livro “Tratado de Quirología Médica” e “El Tattwámetro o las Vibraciones del Éter”.

1928: publica o livro “El Secreto de la Suerte”.

1928: No terceiro volume, do ano II (1928) da revista, o Dr. Krumm-Heller anunciava, em sua Revista Rosa-Cruz, a criação de uma “nova seção, sob os auspícios e a proteção do Templo Central, nomeada de Fadas e Mosqueteiros Rosa-Cruz”, de declarada inspiração Arturiana, cerimonialmente instalada com a assistência do “Maestro Recnartus” (Heinrich Tränker, da Pansophia) e voltada especialmente “aos jovens e às damas”. Era a Ordem das Fadas e dos Mosqueteiros da Rosa-Cruz. Tränker havia imantado astralmente o primeiro o templo e também o primeiro ritual de inspiração Thelêmica. O axioma “Faze o que tu queres”, foi acrescentado uma admoestação de Krumm-Heller, no sentido de que “tereis de dar conta de todos os vossos atos”, essa frase foi cunhada no Ritual Pansófico ANTES da Conferência de Weida. Eles ainda estavam começando a estudar e a tentar entender Thelema. Assim, a primeira Aula Lucis foi fundada na Espanha, em 1928, ano de elaboração do ritual do 1º grau.

Diz Marcelo Alexandrino, quando se compreende a natureza da Lei Thelêmica, percebe-se que a admoestação do Ritual Pansófico e do Ritual R+ do Mestre Huiracocha não tem nenhum sentido, pois os atos de acordo com a Verdadeira Vontade estão em harmonia com a Natureza divina, não havendo do que “prestar contas”; O Dr. Krumm não falava Inglês. Ele copiou a frase do Ritual Pansófico, do Tränker, que também não falava inglês.

1928: A revista teve forte crítica do clero de Barcelona e o Mestre foi excomungado por isso. Fugindo da Espanha, Dr. Krumm-Heller volta para Alemanha, ajudado por alguns discípulos em um pequeno barco.

1929: Estabelece o S.S.S. em Berlim. A difusão de ideias rosacrucianas, através da revista e livros, fez o Mestre se corresponder com vários leitores. Por cartas ele organizou os primeiros grupos de estudo no México. Em março de 1929, a partir do Summun Supremun Sanctuarium em Berlim, ele distribuiu o seu Curso Zodiacal, entre os assinantes da revista. Em seguida, a sua presença em salas de aulas tornou-se necessária, por isso fez um turnê continental em vários países da América Latina de 1929 à 1930, consagrando diversas Aulas Lucis. Em 1931, ele conclui o Curso Zodiacal (com 12 lições), interrompido pela viagem, e inicia o Curso de Magia Rúnica até 1933. Em 1948, registra os Cursos de Cabala, Taumaturgia. O Curso de Magia Superior foi terminado em 1951. Os cursos têm conexão clara com a proposta da Sociedade Pansófica de Tränker. Em Buenos Aires, a primeira cidade de sua turnê, ele realiza o primeiro ritual R+C nas Américas.

1929: outra possível data para sua iniciação incaica (Andes peruanos: Cuzco – Machu Pichu), quando recebeu o cognome de HUIRACOCHA.

1930: em 7 de junho, Crowley, Karl Germer (Mestre da OTO após Crowley) se reuniu com Krumm-Heller em Berlim, Alemanha. A influência do Crowley vinha desde que Krumm-Heller era membro da Pansophia. Entretanto, para FRA, a divisa Thelema, a Verdadeira Vontade, é um princípio universal, atemporal (nada tem a ver com æons), onde a Vontade de Deus é expressa de maneira natural em nós, conduzindo-nos à verdadeira compreensão de seus propósitos. Extrapolando, poderíamos comparar Thelema, na visão da FRA, à Gnosis que nos reconduz à Casa do Pai. O que temos que notar é que a FRA não falava de Thelema, nem como divisa, nem publicou em sua “Revista Rosacruz”, nenhum escrito de Crowley antes de 1930, exatamente o ano que Krumm-Heller o conheceu pessoalmente.

1930: Na revista Rosa Cruz vol. IV, n° 3, Arnold Krumm-Heller escreve: "Fui ordenado Bispo da Igreja Gnóstica em 1930 de acordo com o padrão ordenado, e algumas semanas depois de um congresso realizado em Londres pelas dignidades altas da antiga Igreja Gnóstica, decidi reviver esta igreja da dormência. Visitei Patriarca Basilides, e ele confirmou os meus poderes para criar congregações e paróquias na Espanha e na América."

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O Patriarca da Igreja Gnóstica era o Patriarca Basilides (doutor alemão E. C. H. Peithmann), cujo pseudônimo era rememorativo do filósofo gnóstico homônimo. Os anais registram que o bispo Huiracocha foi designado para suceder ao falecido doutor E. C. H. Peithmann (arcebispo e Patriarca da Igreja Gnóstica na Alemanha). Peithmann era membro da Ordem Graal (fundada em 1893). Após sua saída da Ordem Graal, tornou-se o fundador de uma “Igreja Gnóstica de Eleusis” (Gnostische Mysterienschule/Altgnostische Kirche von Eleusis) dedicado à “transformação da energia sexual” e a “libertação da semente da servidão”. Interessante fato é que Peithmann publicava no “Hain der Isis” publicação na qual a partir de 1930, atacava regularmente Crowley.

O Mestre Huiracocha incorporou então à F.R.A. (Fraternitas Rosicruciana Antiqua) a Antiga Igreja Gnóstica de Eleusis do Dr. Peithmann. E torna-se Patriarca da Igreja Gnóstica.

1930: publica os livros “Logos, Mantram, Magia”, “Biorritmo” e “Rosa Esotérica”.

1931: publica o livro “Igreja Gnóstica”. A Revista “Rosa Cruz” chega a uma tiragem de 5000 exemplares por edição. A revista foi a ponte entre o Mestre e os discípulos no mundo. Ele recebia inúmeras cartas de diversos países.

1931: após a publicação do livro “Igreja Gnóstica” é sagrado Arcebispo por Basilides.

1932: designou seu discípulo Giuseppe Cagliostro Cambareri para o representar no Brasil.

1933: Krumm-Heller emitiu 3 mandados para o Brasil, e outro em 1934. A FRA nesse momento era chamada de Fraternidade Branca Rosa Cruz Antiga e pretendia ser uma continuação de Franz Hartmann. Elas continham o selo da FRATERNITAS ROSICRUCIANA ANTIQUA – ORDO TEMPELI ORIENTIS – FRATERNITAS HERMETICA LUCIS – SOCIETAS PANSOPHIA.

1934: publica o livro “Plantas sagradas” e “Del incienso a la Osmoterapia”.

1936: Em novembro desse ano, o Dr. Krumm-Heller visita o Rio de Janeiro como passageiro do navio “General Artigas”, sendo recebido por inúmeros adeptos de várias organizações espiritualistas e muitos jornalistas, tendo se hospedado na casa do Irmão J. Nicolau Tinoco, em Copacabana. Durante sua permanência no Brasil, realizou palestras científicas no Rio, São Paulo e em Campos. Então, aos 2 dias do mês de novembro do ano de 1936, na rua Desembargador Isidro, n. 166, Tijuca, Rio de Janeiro, foi criada a Igreja Gnóstica no Brasil.

1936-37: um panfleto “Der Judenkenner” foi publicado, na qual dizia que Krumm-Heller e o falecido Theodor Reuss eram agentes da “conspiração judeu maçônica”. Sua biblioteca pessoal é confiscada pelo regime nazista. Em 1942, em uma carta, Hitler responde do escritório de propaganda nazista ao Dr. Krumm sobre o confisco de sua biblioteca garante que não haverá mais ações injustificadas contra ele.

Marcelo Alexandrino diz: Nas revistas Rosacruz, há artigos do Dr. Krumm que versam sobre o que ele chamava de “Hitlerismo”. Existem comentários na Revista e nos Cursos, especialmente no de Magia Rúnica, que são condenáveis, dado seu conteúdo racista e sua defesa da eugenia (na FRC, de Clymer, isso também ocorria – v. Curso de Ciência da Alma). Mas repito, tudo deve ser analisado de acordo com o contexto histórico e com o ambiente ocultista. Precisamos entender que as ordens ocultistas sempre foram e ainda são elitistas (iniciados x profanos). Além disso, era forte a influência da ideologia da Sociedade Thule, da ariosofia e das ideias de Guido von List nos círculos iniciáticos germânicos. O que quero dizer é que essas ideias permeavam o ocultismo germânico daquele tempo. Não era uma característica do Dr. Krumm, mas de seus contemporâneos. Mais tarde, esses mesmos ocultistas passaram a ser perseguidos. Gregorius (Fraternitas Saturni) buscou refúgio no exilo, Saturnus (OTO) foi parar em um campo de concentração e Huiracocha (FRA) teve sua biblioteca e parte de seus bens confiscados pela Gestapo. O Dr. Krumm reconheceu que estava equivocado quanto às virtudes do “Hitlerismo”, percebeu que seria inviável valer-se do impulso nacional-socialista para divulgar o rosacrucianismo e tornou-se franco opositor do nazismo. É conhecendo esse contexto histórico que poderemos digerir bem algumas poucas passagens que nos causam repulsa e nos concentrarmos no que nos interessa: o método de alquimia interna que o Mestre revelou.

1937: Krumm-Heller altera o nome da Augusta Fraternidade Branca Rosa Cruz Antiga para Fraternitas Rosicruciana Antiqua. Em decorrência disso, no ano de 1940, o Estatuto da Augusta Fraternidade Branca Rosa Cruz Antiga no Brasil é alterado e passa a se chamar FRATERNITAS ROSICRUCIANA ANTIQUA.

Krumm-Heller e seu filho viaja da Alemanha para a América em 1937. O pai volta para a Alemanha em 1938, deixando Parsival no México para frequentar a escola. Parsival retornou à Alemanha em 1940, no chamado do dever alemão da guerra.

1939: foi criada a FUDOFSI (Fédération Universelle des Ordres Fraternités et Sociétés des Initiés) para ser um contra ponto da FUDOSI, liderada por Lewis da AMORC. Tinha como membros a FRA e FRC entre outras ordens. A FUDOFSI, que reconheceu a FRC (Fraternitas Rosae Crucis) - ao invés da AMORC (Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis) - como a autêntica organização Rosacruz americana, com isso Clymer tentou reacender FUDOFSI após a morte de seu líder Constante Chevillon (1880-1944). Clymer foi considerado Supremo Grão-Mestre da FUDOFSI.

A fundação da F.U.D.O.S.I. em Bruxelas, em 1934, causou uma reação dentro do mundo das Ordens e Fraternidades. O F.U.D.O.S.I. alegou ser o protetor de todas as ordens iniciáticas verdadeiro e Sociedades. Pode-se facilmente imaginar a reação de todas as Ordens e Fraternidades que não estavam representados na convenção de 1934. Especialmente Constante Chevillon, diretor de numerosas ordens e sucessor de Jean Bricaud, não estava satisfeito com as decisões tomadas em Bruxelas em 1934. O resultado de todas as hostilidades foi a fundação da “FEDERATION UNIVERSELLE DES ORDRES SOCIETES ET FRATERNITES DES INITIES”, aka F.U.D.O.F.S.I. Esta Federação foi uma aliança principalmente entre Reuben Swinburne Clymer, chefe dos Fraternitatis Rosae Crucis, e constante Chevillon, chefe da Ordem Martinista de Lyon. 

A F.U.D.O.F.S.I. foi estabelecida sobretudo a agir contra Harvey Spencer Lewis. A primeira reunião do F.U.D.O.F.S.I. realizou-se em Paris em fevereiro de 1939. Os presentes: Reuben Swinburne Clymer, Alfred I. Afiado, Contagem Jean de Czarnomsky, Constant Chevillon, Henri-Charles Dupont, Henri Dubois, Raoul Fructus (ex-membro da FUDOSI), Andre Fayolle, Nauwelaerts, Laugenier, e Camille Savoir. Eles se juntaram posteriormente a Hans Rudolf Hilfiker-Dunn (herdeiro Reuss) e Arnoldo Krumm-Heller.

1939: Eclode a Guerra, Krumm-Heller se estabelece em Marburgo e torna-se diretor da Cruz Vermelha local. Seu filho, Parsival, em 1940, entra na escola nazista NAPOLA (juventude nazista).

Krumm-Heller permaneceu na Alemanha durante a maior parte da Segunda Guerra Mundial, em sua casa em Marburg. Marburg era uma cidade-universitária relativamente tolerantes e Krumm-Heller viveu lá, embora ele passivamente resiste aos nazistas, como colocar a bandeira mexicana acima da bandeira nazista em frente de sua casa. Durante a guerra, Krumm-Heller manteve um nível precário de contato com sua FRA na América do Sul por meio de contatos na Suécia. Quando os americanos marcharam em Marburg, Krumm-Heller os cumprimentou com entusiasmo, e foi apontado por eles como o diretor local da Cruz Vermelha. Assim que a guerra terminou, ele imediatamente retoma o contato com FRA.

1941: a FRA torna-se internacionalmente FRC. Tanto que existem almanaques para a nova designação da FRA. Os títulos da FRA e da FRC foram usados indiscriminadamente por grupos diversos; embora uma distinção: que a FRC, ao contrário da FRA, era contra a Lei de Thelema de Crowley.

1945: Carlotta, a segunda esposa de Krumm-Heller e mãe de Parsival, morre. Após, ele se casa novamente.

1949: Morre em 19 de Maio, aos 73 anos, em Marburg, Mestre Krumm-Heller, fundador da Fraternitas Rosicruciana Antiqua.

Este excelente trabalho de pesquisa foi feito pelo Membro da FRA  Acauã Silva, administrador do Grupo de Estudos Mestre Huiracocha, no Facebook, que recomendamos a todos. 


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