
Seus
esclarecimentos nos levam a uma profunda reflexão, pois foge ao
tradicional do que vemos na literatura sobre o tema, sendo um roteiro
seguro para orientarmos nossos estudos e aprofundamentos.
Num trecho
(página 17 e 18 da edição eletrônica), há um diálogo entre dois
personagens, Montenegro e Rasmussen, que nos passa uma informação
intrigante:
"Os
Rosa-Cruz saíram do interior de Chapultepec pela mesmo local pelo qual
entraram Montenegro e o indígina e com as mesmas precauções que este
último tivera para não ser visto. Atravessaram logo o parque que rodeia
o castelo para embarcarem no trem em Buenavista.
Montenegro
ficou com Rasmussen depois que todos os demais se despediram dele, e
aproveitou esta circunstância para entabular uma nova conversa, movido
por seu desejo inquiridot.
-
Você vai viajar? - disse Montenegro - Gostaria muito que não fosse tão
breve como parece. Em verdade, tenho muitas coisas para perguntar-lhe.
Não pode você imaginar o quanto agradecido lhe estou por haver-me
iniciado esta noite. Compreendo que minha instrução verdadeira começa
hoje e espero com sua ajuda poder saciar a sede de conhecimento que há
tanto tempo sinto.
-
O que eu puder fazer por você, querido amigo, - respondeu Rasmussen - o
farei sem dúvida; mas, haverá de ser nas sessões que se seguirão, uma
vez que imediatamente partirei para a Alemanha. Faz já muitos anos que
não visito a Europa. Devo ir para resolver alguns assuntos de família e
além disso, a Ordem dos Rosa-Cruz me convoca, também, no velho
continente. Você deve saber que nos reunimos anualmente, seja na
Bohemia, seja nas montanhas de Harz, no Tiflis ou em Montserrat, ou às
vezes em Yaucatán, no Peru ou na Índia: ali temos Lojas Brancas. Os Membros se apresentam todos ali em corpo astral; só algumas sessões são assistidas em corpo físico. Estas reuniões são muito necessárias depois da grande guerra (aqui a referência é a Primeira Guerra Mundial); pois agora há muita procura por nossa ciência".
Uma
coisa que podemos notar e que destacamos no texto é que a Ordem dos
Rosa-Cruz não possui uma sede, ela se reúne, anualmente, em vários
lugares e em sua maioria, seus membros estão "em corpo astral".
Note
que não se usa aqui a tradicional denominação Ordem dos Rosacruzes,
mas, Ordem dos Rosa-Cruz e essa sutileza não é sem propósito, pois,
Rosa-Cruz não é uma associação, ordem, fraternidade, etc., mas um
"estado de consciência". Assim, enquanto Ordem dos Rosacruzes, nos faz
pensar em uma associação de homens e mulheres que abraçaram o ideal
Rosa-Cruz e buscam trilhar esse caminho, Ordem dos Rosa-Cruz nos remete a
uma condição de uma Ordem composta de homens e mulheres que já
alcançaram o sublime grau consciêncial ROSA-CRUZ, a ponto de, na maioria
de suas reuniões, em locais espalhados pelo mundo, participarem com
seus "corpos astrais.
Isto
nos leva a fazer uma outra reflexão: somos todos Aspirantes à
Rosa-Cruz, isto é, ao sublime grau consciencial Rosa-Cruz, para que um
dia possamos, em verdade, pertencer a Ordem dos Rosa-Cruz.
Nesse
sentido, a Fraternitas Rosicruciana Antiqua, tem a finalidade de ser um
dos portais para o sincero buscador, que ao adentrar na Ordem, através
de orientações essenciais e práticas, terá, se persistir, condições de
trilhar o Caminho do Aspirante, que levará ao florescer da Rosa sobre a
Cruz.
Tal
foi a nobre missão recebida por nosso Amado Mestre Huiracocha ao fundar
nossa amada Ordem. E o que nos encanta é que pelos nobres ideais que
sustenta e pelos quais dedicou a vida, Huiracocha não se deixou levar
pelo modismo "rosacrucianista" do princípio do século XX, dotando seu
movimento de um caráter amplo, ligado mais a essência dos ideais
rosa-cruzes clássicos, do que uma forçada e inexistente ligação histórica.
Para
que possamos compreender bem esse último aspecto, será necessário que
nos inteiremos das fontes que consultou nosso Mestre para tirar suas
idéias sobre a Ordem dos Rosacruzes e a Ordem dos Rosa-Cruz. Ao
pesquisarmos, pudemos perceber, que muitas das idéias manifestas pelo
Mestre em alguns de seus livros, etc. são reflexões feitas nos escritos
de Franz Hartmann. É justamente em um dos livros de Hartmann, "No Umbral
do Santuário", capítulo V - As Ordens dos Rosacruzes - História dos
Rosa-Cruzes.
Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Marcos Pagani