segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Sistema de Graus da FRA - Parte I


 

 A Fraternitas Rosicruciana Antiqua foi criada no México em 1927, pelo Dr. Arnold Krumm-Heller, cujo sistema original parece ter comportado (conforme Peter Koenig) sete Graus, sendo três de caráter maçônico (ou litúrgicos) e quatro de caráter espiritual que, possivelmente, equivaliam aos Graus VII, VIII, IX e X da O.T.O. de Theodor Reuss. 

Na prática, a FRA começa como com a fundação da Revista Rosa-Cruz, em 1927, direcionada para a Espanha e América Latina e, ao contrário do que se pode imaginar, em 1927 foi concebida a ideia que, só mais tarde iria se tornar real em 1928, com a fundação da primeira Aula Lucis da América Latina, mas precisamente em Bogotá, na Colômbia.(1)

As dúvidas que se apresentam sobre os Graus da FRA no sistema original, são devido ao fato de Krumm-Heller não ter escrito sobre isso. 

Quando em 1929/1930 com a distribuição do Curso Zodiacal, aos assinantes da Revista Rosa-Cruz,  Krumm-Heller envia a seus discípulos, que formaram grupos de estudos ou compunham as Aulas Lucis, o Ritual do Grau I e, mais tarde, em data ainda desconhecida por nós do Grupo Krumm-Heller de Estudos, o Ritual do Grau II. 

Com exceção do ramo Brasileiro da FRA, que afirma ter recebido o Ritual do Grau III, segundo alguns de seus membros em 1939 de Krumm-Heller, antes que se perdesse contato com ele, devido ao inicio da  2ª Guerra Mundial, nenhum outro ramos, originalmente recebeu este ritual (2)

Devemos ressaltar, entretanto, que enquanto os Rituais dos Graus I e II, tem por base muitas paráfrases de Liber Al vel Legis (Livro da Lei  - revelado em 1904 e.v. no Cairo, Egito, por Aleister Crowley), o Ritual do Grau III no Brasil tem por base a Liturgia de Mithra.

Tendo em vista o acima exposto, a FRA no Brasil, afirma que o Sistema possui somente três graus, possuindo um ritual para cada um deles e uma única cerimônia de Iniciação, que chamam de Aspirante Rosa-Cruz. 

Alguns espanhóis que atuaram em seu país, disseminando a FRA nos anos 80, afirmam que para eles, parece que o Mestre quis emular o Ritual do Grau 18  (Cavaleiro Rosa-Cruz) da Maçonaria do Rito Escocês Antigo e Aceito, onde a iniciação leva o novo Cavaleiro a três câmaras, sendo essas correspondentes aos Graus I, II e III da FRA. Embora não haja certeza ou documentação a respeito, a proposição nos parece bem lógica.

Também na Espanha, alguns acreditam que a FRA, embora se distinga inteiramente da O.T.O. de Reuss, teve dela alguma influência, bem como da Sociedade Pansófica e da própria Fraternitatis Saturni. 

O contato entre Krumm-Heller e Aleister Crowley (Mestre Therion) se iniciou em 1930 (Se encontraram em Berlim) e conforme comprovado pelos Rituais dos Graus I e II, há uma influência de Liber Al vel Legis  - Obra fundamental do Aeon de Aquarius-Leo, revelado em 1904 e.v. no Cairo, Egito, por Crowley. 

Após a morte de Krumm-Heller, os ramos autônomos escolheram o seu sistema de Graus. A FRA Brasil, manteve o Sistema de três graus.  Por exemplo, a FRA Venezuela, que se formou nos anos 50 do século passado, responde a uma consulta informa: "O Mestre estruturou os Graus básicos através de seus cursos... Zodiacal, Runas, Cabala, Taumaturgia, Irmão Maior, Irmão Servidor, Arcebispo da Igreja Gnóstica, Mestre e Comendador.  Em outra oportunidade informam: "...este programa consiste em cinco níveis básicos: Curso de Neófito, Curso Zodiacal e Magia do Silêncio, Curso de Runas, Curso de Cabala e Curso de Taumaturgia. A finalidade destas disciplinas é lograr um manejo e controle consciente dos três corpos básicos (físico, astral e mental) e assim permitir a plena expressão do ser interno ou Eu Superior". Entretanto, não existe documentação que comprove tal estrutura. Alguns afirmam que esta estrutura foi concebida pela Mestra Yedosey, com base em seus contatos (mediúnicos [3]) com Krumm-Heller. Porém, se fosse assim, o próprio filho e sucessor do Mestre, Parsival Krumm-Heller, teria confirmado tal sistema de Graus, o que nunca foi feito.

Na Espanha ainda, nos anos 80, a FRA, embora não fizesse nenhuma cerimônia de iniciação, assim nominou os Graus da Ordem: Aspirante Rosa-Cruz, Cavaleiro da Rosa e da Cruz, Diretor de Aula (Grau Iniciático), Comendador da Rosa e a Cruz, Soberano Comendador da Rosa e a Cruz, Irmão Maior (Frater Senior ) da Rosa e a Cruz, Soberano Desconhecido da Rosa e a Cruz e Principe da Rosa e a Cruz (Grau Honorífico).

Ainda estamos para estabelecer qual era a estrutura de Grau da FRA originalmente, pois, esclareceria alguns conceitos históricos da formação do Sistema Iniciático legado pelo Mestre Huiracocha.

Notas:
(2) Alguns comentam que o Ritual do Grau III foi elaborado pelo Comendador Coyaciporã e submetido à Krumm-Heller que o aprovou. Outros na FRA, mantém que o Ritual data de 1939 e foi mandado por Krumm-Heller. Na busca de esclarecer a verdade, consultamos alguns da própria FRA Brasil, que insistem em não tocar no assunto. Outros consultados afirmam que isso é "segredo iniciático" e, ficamos pasmos, ao constatar que data e autoria de ritual, meros fatos históricos são "segredos iniciáticos". Esse zelo de "ocultamento" não se justifica, salvo que há algo a esconder e que se traveste de "segredo iniciático". Beira ao absurdo, que poderia ser simplesmente admitido com um "não sei". 
[3] É bem comum se utilizar a desculpa que tais contatos não são "mediúnicos", principalmente porque o Mestre, depois de ter atuado no Espiritismo, inclusive fundando uma "Revista", quando tomou conhecimento de obras da Teosofia, por acaso com um espírita famoso, León Denis, que lhe remeteu os livros. Usam "contato com os mundos interioes". Parecem esquecer o que a Teosofia fala sobre a condição pós norte e a impossibilidade de contatar os falecidos, apenas seus "cascões astrais", sendo essa a grande crítica da Teosofia ao Espiritismo. Parece a nós, bem conveniente esta explicação da FRA Venezuela para sua estrutura, pois assim quer estar mais autorizada do que outros ramos. Por outro lado, justifica a preferências de apresentação dos Graus e a falta de informação deste ramo tardio, que não foi autorizado a não ser por um ramo espúrio da Suíca.

Que as Rosas Floresçam na Cruz
Marcos Pereira






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Ao reproduzirmos aqui este artigo, com a devida permissão do falecido, querido Irmão Prisciiano II (Pablo Mattos) da Argentina, é lícito esc...

 
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