quarta-feira, 28 de novembro de 2018

A importância de Thelema para FRA

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Thelema (Verdadeira Vontade) é uma Lei revelada ao mundo em 1904 e.v. pelo Mestre Therion (Aleister Crowley), através da recepção do Liber Al vel Legis - O Livro da Lei, chamado pelos thelemitas, "Documento fundamental do Aeon de Aquarius-Leo"; A Palavra Thelema foi adotada na FRA como uma "divisa", um "lema", proclamada na Missa e em alguns rituais de Grau. Desta forma, a FRA, embora tenha proclamado este lema, não é uma "Ordem Thelêmica", isto é, não tem a função de disseminar a Lei de Thelema no mundo.

O Mestre Huiracocha, como todos os nascidos antes de 1904 e.v., sendo um cristão-gnóstico, teve dificuldades de aceitar o Capítulo III do Liber Al vel Legis, onde é citado um expurgo das religiões do Aeon de Osíris, cuja fórmula iniciática tem por base a lenda do Deus Sacrificado. Assim nestas religiões (como o Cristianismo Ortodoxo), para se alcançar a Grande Obra é necessário a morte do ego para a libertação do Espírito. Mesmo contrário ao capítulo III do Livro da Lei, o Mestre Huiracocha não aprovava a morte do ego, mas sua transformação. Para isso elaborou os cursos de treinamento aonde este ego se voltava totalmente para a Grande Obra. Mesmo que muitos thelemitas não percebam isso, a FRA, embora um sistema completo e independente, de caráter Rosacruciano Gnóstico é, sem dúvida, uma das melhores percepções de como podemos ir do velho ao Novo Aeon. Bem, isso se o sistema não for desfigurado por falta de entendimento ou de propósito, por seus atuais dirigentes.

Mestre Therion é o Profeta do Novo Aeon, revelador de uma nova Lei, cujo método de Iniciação, chamado também de Grande Obra, visa a experiência essencial do ser humano: Visão e Conversação do Sagrado Anjo Guardião. Desta experiência mística única, podemos dizer que ela se realiza quando, alegoricamente, dizemos: "Os Céus se uniram à Terra; as Trevas se fundiram à Luz; o Noivo encontrou sua Amada, Alma Gêmea de sua Alma; eis o Casamento Alquímico, eis a Pedra Filosofal". Sem dúvida, este também foi a ideia do Mestre Huiracocha, explanada em sua linguagem rosacruciana e gnóstica, cujo elo é a Lei de Thelema, pois, seja o Mestre Therion ou Mestre Huiracocha, a Verdadeira Vontade é a Vontade Divina em nós.

Deste modo, a Lei de Thelema é vista como uma parte dos ensinamentos da FRA. O Mestre aplicou os princípios da Lei em sua exposição sobre os ensinamentos rosa-cruzes, porém considerou que necessitavam de uma "salvaguarda moral". Assim, adotou o axioma "Faze o que tu queres, mas sabe que darás conta de teus atos".

É incrível como muitos membros da FRA, não entendendo Crowley e sua Obra, tendo por base os comentários de críticos mordazes, recusam-se a perceber ou desconhecem que os Rituais dos Graus I e II são paráfrases adaptadas dos Capítulos I e II de Liber Al vel Legis, \um Sagrado Livro que mereceria ser estudado por cada membro da FRA, sem nenhum obstáculo. Seria de grande valia para um melhor entendimento dos rituais, pois trocados os trechos parafraseados, algumas verdades se tornam evidentes. Em nada alteraria a visão de Mestre Huiracocha, mas dariam aos membros uma nova visão. Sempre uso o exemplo: "Qual a metade de dois mais dois?" A maioria responde wue é dois  e montam a fórmula matemática (2+2)/2=2, Mas se montarmos a  expressao 2/2 +2 o resultado é 3, correto?". Perceberam ou n ão?

Assim, tire Thelema da FRA e mutilará o sistema desenvolvido pelo Mestre Huiracocha. Tire Thelema da FRA e cristalizar-se-á o Caminho e já não mais haverá referência ascensional, mas aquela do repetitivo círculo. A FRA é um profundo caminho. A obra do Dr. Krumm-Heller é um legado para o mundo, ele um verdadeiro iniciado e Mestre, um Rosa-Cruz. 


(Por Marcos Pagani, com adaptações de Acauã Silva)
terça-feira, 20 de novembro de 2018

A Construção do Templo - IEOUA

Fomos conduzidos à convicção de que as vogais, para soar, constroem na boca miniaturas de espaços, instrumentos sonoros em cujo som e eco se torna audível a essência dos planetas. Sendo assim, caminhamos do menor para maior e reencontramos, na articulação do AEIOU, os elementos do edifício do Universo. Se quiséssemos erigir na Terra um edifício, não poderíamos começar pela abertura de uma porta. Isto só poderia constituir o ato final. Para tanto a série AEIOU não é apropriada

A obra divina do templo do corpo humano prevê que o ser humano represente uma espécie de coluna reta. O corpo como figura ereta - "I".

Além disso, o corpo possui paredes como uma casa; ele é limitado por sua epiderme. O corpo como figura limitada - "E".

É de modo comparável a uma abóbada que se forma a cabeça. Tanto em sua forma como em sua função, a cabeça isola o ser humano das adjacências. O corpo como figura fechada em si mesmo - "O".

No interior dos ossos longos formam-se espaços ocos e alongados, importantes para a vida sanguínea. Também o tronco é construído como uma cavidade em forma de tonel para abrigar os órgãos - por assim dizer, um salão alongado. O corpo como uma cavidade alongada - "U".

Finalmente são ainda necessárias aberturas, como que janelas e portas: boca, olhos, orelhas, etc. O corpo como uma figura que se abre - "A".

Em tempos antigos chegou-se à audaciosa opinião de que, mediante aquela sequência de fonemas, mediante IEOUA, poder-se-ia recriar o edifício universal, bastando apenas termos poder suficiente para isso.

(O Sentido da Palavra - Alfred Baur)

Postado  por Acauã Silva no Grupo de Estudos Mestre Huiracocha 

A Igreja Gnóstica de Mestre Huiracocha - Estudo 3 - Definições de Mestre

Mestre Huiracocha, em seu fantástico livro "A Igreja Gnóstica", define a Ecclesia nas seguintes palavras:

  "A Igreja Gnóstica é a igreja do Conhecimento.
          
           Colocamos esta premissa e gosraríamos de sentir uma tácita interrogação em cada um de nossos leitores.
          
           Conhecimento? Mas, conhecimento não é sabedoria? E se é sabedoria, já não dispomos de uma ampla ciência em todos os ramos do saber, como um largo campo de investigação e dotada de um tecnicismo moderno surpreendente?

          Responderíamos que nossos leitores têm razão. Mas, é que a sabedoria-conhecimento  a que nos referimos não é a encontrada nos livros, estudada página por página em uma obra texto. Isto está bem para as salas de aulas e centros oficiais de ensino. A Igreja é algo muito diferente; tem outro objetivo. É o lugar de oração, da reza íntima, da prece elevada à divindade, do recolhimento, da meditação, e é ali o lugar, de preferência, que temos para despertar, aumentar e ainda exaltar nossa própria sabedoria interna, aquela que é inerente ao nosso ego inferior que é o que verdadeiramente conhece...

           Gnosis, em consequência, vem a ser um conhecimento mais sutil e mais profundo de todas as verdades reveladas, dentro do campo religioso, vistas à luz dessas duas fontes que se chamam escritura e tradição. Segundo um iniciado da Idade Média, Gnosis é uma espécie de visão imediata da verdade, em oposiçõ à sabedoria adquirida pelo estudo.

            Daí que o gnóstico seja possuidor de uma revelação clara, precisa e especial das coisas divinas, se já ascendeu nas asas do Pleroma ou Pleniturde da Inteligência.

            As igrejas do positivismo religioso nada nos ensinaram de útil e prático a esse respeito, pois, tanto sua base quanto seus ensinamentos foram se degenerando em dogmas
indiscutíveis, os quais hoje formam a dura concha do pesado materialismo que padecem."

Que possamos refletir em suas palavras e estudar seu livro citado, pois nele encontraremos as diretrizes básicas para o entendimento da Igreja Gnóstica em geral e da gnosis em particular. 

Que as Rosas Floresçam na Cruz

Marcos Pagani


segunda-feira, 19 de novembro de 2018

Ecclesia Gnóstica de Mestre Huiracocha - Estudo 2 - O Evangelho Pistis Sophia


Para a Igreja Gnóstica da FRA, bem como para outros interessados, Mestre Huiracocha escreveu ,em 1931, o excelente livro "A Igreja Gnóstica", que consitui o texto básico onde devemos iniciar nossas pesquisas sobre a Ecclesia Gnóstica em geral e a Gnosis em particular. 

Neste post, vamos comentar sobre a origem e estrutura do Evangelho chamado PISTIS SOPHIA, que é para nossa Ecclesia, um Livro Sagrado, tomando por base o Livro do Mestre, bem como outros comentários por Frater Basilides R+

Conforme informa nosso Mestre, o Pistis Sophia "Trata-se de do livro máximo de todas as Doutrinas Gnósticas, publicado em latim no ano de 1851, por Schwartze e Petermann, de acordo com um código do Museu de Londres (British  Museum), chamado Askeniano, cuja antiguidade remonta ao sécuo III, ainda que alguns achem provável o século V. (Opus Gnosticum Valentino adjudicatum est Codice manuscrito Coptico Londinensi descripsit et latine vertit M.G. Schwartze)

O original grego desta obra, que serviu de base nos primeiros séculos, não pode ser encontrado. Só se tem o texto Saídico, que é uma tradução para o copta, do manuscrito primitivo. Quanto ao papiro copta, foi encontrado  no Egito, sem que nada pudesse testemunhar se o original grego foi composto, também, nessa localidade. Entretanto, todos os críticos concordam em que a obra provém de algumas das múltiplas escolas ou sociedades gnósticas primitivas, acreditando-se, mais ainda, que pertenceria aos ofitas".

Façamos aqui uma pausa no texto do Mestre para infrormar que nos dias de hoje, os estudiosos tendem a confirmar a informação dada por Schwartze (também Mead e MacDermont), de que o texto poderia pertencer especificamente à Escola Valentiniana ou mesmo ter sido composto pelo próprio Valentino. 

Continua o Mestre: "Divide-se em 148 capítulos e em quatro grandes partes ou livros. O primeiro e o quarto não levam títulos, enquanto o segundo intitula-se :'Segundo Livro da Pistis Sophia'. Apresenta, também, um rótulo no final que diz: 'Parte dos Volumes do Senhor'. Este mesmo rótulo volta a aparecer no final do terceiro livrro que, contudo, aparece sem cabeçalho".

O estudioso brasileiro Raul Branco, que é teósofo, em seu exelente livro Pistis Sophia - Os Mistérios de Jesus, Editora Bertrand Brasil, mostra um outro ponto de vista sobre o número de livros: "O texto propriamente dito está dividido em seis 'livros'. A estória da Pistis Sophia inicia-se no capítulo 30 do 'primeiro livro' e termina no capítulo 82 do 'segundo livro'. A partir deste ponto os ensinamentos de Jesus são apresentados na forma de diálogos com seus discípulos, destacando-se Maria Madalena, claramente o discípulo mais avançado do grupo....O material, quando foi encontrado, não tinha título aparente e ficou conhecido como Códice Askew, nome do primeiro proprietário ocidental, que o deu a conhecer ao mundo. O título Pistis Sophia foi sugerido para o documento pelo fato de o 'segundo livro' começar com o seguinte título: 'O Segundo Livro de Pistis Sophia.' Outro título é apresentado em outra parte do documento: 'Uma parte dos Livros do Salvador', que figura na página final do 'segundo livro' e também na última página do 'terceiro livro'. Os livros quatro, cinco e seis não apresentam nenhum título; no caso do último, talvez pelo fato de as quatro folhas finais do manuscrito estarem faltando, justamente aquelas onde, muitas vezes, se encontram os títulos das obras coptas". 





Tendo analisado as traduções em alemão existentes da Pistis Sophia, constatamos que a edição feita por Carl Schmidt, KOPTISCH-GNOSTICHE SCHRIFTEN - DIE PISTIS SOPHIA - DIE BEIDEN BÜCHER DES JEÚ -LIPZIG - 1905, que como vemos também possui os Livros de Jeú, o texto da Pistis Sophia é dividido apenas em capítulos, não fazendo referências a "livros", sendo essa uma divisão adotada por G.R.S. Mead, junto com capítulos. Temos certeza que a edição lida pelo Mestre foi essa, que é considerada a melhor tradução deste evangelho, tendo em vista que traz, entre parênteses, palavras chaves em grego, onde se pode trabalhar as chaves numerológicas do texto, o que não é possível em uma tradução, sem referências. Assim, a divisão em quatro livros, feita por Krumm-Heller, não está errada, apenas ao distribuir os assuntos por capítulos, tendo por base os títulos das partes que eram conhecidos, optou por quatro e não seis partes. 


Continua nosso querido Mestre: "Esta falta de homogeneidade é que faz  com que alguns críticos suponham que a Pistis Sophia não foi composta de acordo com uma estrutura unitária e que a maior parte dos seus escritos sejam de épocas diferentes. Por isso o Quarto Livro é mais antigo que os outros. 

Isso é uma chave muito importante. Alguns estudiosos têm encontrado uma coerência maior no texto quando iniciam a leitura do Pistis Sophia pelo "Quarto Livro" (divisão de Krumm-Heller), que fala sobre  a sorte das Almas no além morte.

Continua o Mestre, iniciando sua descrição da obra: "Ao escrever-se esta obra, supõe-se que hajam transcorridos onze anos desde a ressurreição de Jesus e se descreve conservando com seus discípulos no Monte das Oliveiras, dando-lhes a conhecer as grandes e supremas verdades iniciáticas. Com a vestimenta de Luz que o rodeava, pode atravessar o mundo supre-sensível e, remontando-se de esfera em esfera, foram-lhe franqueadas todas as portas, atemorizando os próprios Arcontes ou Gurdiões daqueles lugares, que o adoraram".

"Jesus chega ao plano onde estão os Arcontes ou Senhores Tiranos, cujo príncipe é Adamas. Eles vêm a ser os donos do destino (Lipikas ou Senhores do Carma do Teósofos). Mas, Jesus, provido do habitual heroísmo, chega ao 13º Eon, onde se encontrava estacionada primitivamente a Pistis Sophia...Em relação a isto, confia a seus discípulos a história deste ser misterioso que, pretendendo chegar à região da Luz Suprema, atravessando os doze Eones, sai de sua morada limitada pelo 13º Eon e, ao acender em seu vôo, é atirada pelos mesmos Arconte na imensidão do Caos".

Tal era a triste situação da Pistis, até que o Pai lhe enviou Jesus como Libertador ...Jesus, então, apela a Gabriel e Miguel, para que a levem em suas mãos com a finalidade de que nenhuma de suas partes se perca nas trevas, transladando-a, assim, do Caos para um lugar que se encontra abaixo do 13º Eon. Por fim, depois de uma cruenta luta, Jesus despoja os Arcontes de sua Luz e a Pistis Sophia é conduzida ao Lugar Sagrado, onde mora, desde então, com todos os seus irmãos invisíveis...

Todo este Mito é dado em detalhes, como dito anteriormente, entre o capítulo 30 e 82. Raul Branco, em seu citado livro nos informa: " Por que Jesus nos transmite ensinamentos tão profundos através de um Mito? Obviamente porque esta é a forma tradicional mais apropriada para ministrar este tipo de ensinamento transformador....Isto parece indicar que por trás do mito há sempre uma importante experiência interior...A realidade, no entanto, apresenta-se hierarquizada e consiste de diferentes níveis. Os mitologemas procuram expressar diferentes níveis da realidade simultaneamente...No decorrer do relato, é apresentado um glorioso cenário que nos permite vislumbrar o processo de manifestação, com a descida do Espírito até o ponto mais baixo da materialidade quando, então, se torna possível a viagem de retorno, ou seja a volta da alma às origens, a Fonte ùnica, o Pai. "

Continua o Mestre: "Na história de Pistis Sophia, o relato se interrompe repetidas vezes com o recitativo de vários hinos que ela fazia chegar do Caos à Luz. Estes são 13 e cada vez que Jesus recita um deles aos seus discípulos, convida-os a dar sua explicação. 

Para dar uma noção destes cânticos, sumarizamos abaixo cada um dos Arrependimentos de Sophia: (tirado do Livro "Mistérios Gnósticos da Pistis Sophia - Considerações sobre o Livro I da Pistis Sophia "de J. van Rijckenborgh - Editora Rosacruz, do Lectorium Rosicruciano.)

  1. No Primeiro Cântico, a Pistis Sophia descobre a dialética e o estado de condenação da humanidade. Entoa o Cântico da Humanidade.
  2. No Segundo Cântico, A Pistis Sophia descobre sua própria condição natural. Ela entoa o Cântico da Consciência.
  3. Nessa base, a Pistis Sophia entoa o Cântico da Humildade diante da única Luz Verdadeira. 
  4. Segue-se, então, o Cântico da Demolição: o eu é levado à sepultura. 
  5. O Cântico da Rendição é a fase seguinte: A Pistis Sophia faz a entrega total de si mesma. 
  6. Nesta base é entoado o Cântico da Confiança. Ela implora pela Luz com fé absoluta.
  7. No Sétimo Cântico de Arrependimento, a Pistis Sophia entoa o Cântico da Decisão. É a ascensão ou a queda.
  8. Em seguida começa a perseguição. Os Eons da netureza atacam a Pistis Sophia de maneira vigorosa, e ela entoa o Cântico da Perseguição.
  9. Depois de entoar o Cântico da Ruptura, a Pistis Sophia se livra de modo definitivo de seus perseguidores.
  10. A seguir a Pistis Sophia entoa o Cântico do Atendimento da Oração. E pela primeira vez, ela vê a Luz das Luzes.
  11. A força da fé é submetida, então, a uma prova final. A Pistis Sophia entoa o Cântico da Prova de Fé.
  12. Em décimo segundo lugar, a Pistis Sophia vicencia a Grande Prova que podemos comparar à tentação no deserto.Ela entoa o Cântico da Grande Prova.
  13. Por fim a Pistis Sophia canta o décimo terceiro Cântico de arrependimento, o Cântico da Vitória: a alma eleva-se, reconhece o Espírito e vai ao seu encontro, ao seu Pimandro. 
Pode assim, o buscador, perceber que estes cânticos constituem um detalhado "Caminho de Iniciação Gnóstica", dado neste Sagrado Livro de nossa Sagrada Ecclesia.

Continua o Mestre Huiracocha: "Com frequência falam as santas mulheres, Maria ou Salomé. Outras vezes, algum apóstolo, como André, Pedro, Mateus ou Felipe, os quais interpretam os hinos da Pistis, adicionando algum salmo de Davi ou Salomão. 

É uma característica dos gnósticos coptas não procurar outra autoridade para confirmar seus escritos a não ser as Sagradas Escrituras; e se algum sincretismo se observa neles, é mais na forma do que nas idéias.

Depois, este livro, trata da sorte que espera as Almas além da morte, revelando-nos o que acontecerá a cada uma das diferentes categorias de homens; as alegrias e privilégios que aguardam uns, o os tormentos e penas que afligirão a outros. Seu tema principal é, pois, a redenção das almas...

Na primeira parte, ocupa-se da sorte das almas privilegiadas, isto é, dos apóstolos, das santas mulheres e dos perfeitos ou iniciados, que haviam renunciado à materia e aos cuidados dente mundo.

Na segunda, revela o destino reservado às outras almas, especialmente às que se arrependem de seus pecados. Depois, vem uma outra parte, em que trata dos MISTÉRIOS e de sua eficácia. Finalmente chega-se àquela em que se descrevem os tormentos dos condenados...

Veremos, mais tarde, que o principal são os MISTÉRIOS e que tudo o mais gira em seu redor. 

No 'Quarto Livro', fala-se da ressurreição de Jesus, de quem se diz que venceu os Arcontes do Destino e da Fatalidade cuja sombra nefasta deixará de pesar , daí em diante, sobre os homens...Aqui Jesus relata a seus discípulos as façanhas destes Arcontes, filho de Adamas, os quais, persistindo em seu afã de procriar, deram origem aos Arcanjos, Anjos, Litirgos e Decanos, até que interveio Jeú, a quem Jesus chamava PAI DE MEU PAI. Jabraoth Adamas e os seus se obstinaram em seu pecado; por isso se prendeu à Esfera onde atualmente foram parte do Zodíaco, vindo estes a ser os Arcontes do Destino, os quais tiranizam os homens cujos passos a astrologia trata ee investigar.

Continua, ainda, a descrição do modo torturante como os Arcontes penetram nos homens e os incitam ao mal, atraindo sobre eles terríveis castigos e perdição absoluta

Até aqui, eis o quanto se pensa profanamente e se percebe dos ensinamentos deste livro sagrado sobre o qual historiadores e investigadores não podem se aprofundar por falta de chaves. 

Terminamos aqui este post, refletindo sobre a origem e estrutura deste maravilhoso evangelho, base dos ensinamentos da Ecclesia Gnóstica da FRA, sendo que  "Nesta Obra sagrada estão condensados todos os nossos Rituais", como diz Krumm-Heller em seu importante livro.

O Grupo de Estudos Krumm-Heller, que vê na Ecclesia Gnóstica o coroamento dos trabalhos da FRA, preserva os ensinamentos deixados pelo Mestre Huiracocha, estudando seu livro sobre a Igreja Gnóstica, aliado ao estudo do Pistis Sophia, estando e m andamento um projeto de tradução deste evangelho com as chaves numerológicas devidamente explicadas, bem como uma tradução dos Livros de Jeú, inédita em português, pois,  este incrível livro gnóstico nos proporciona não só as chaves mântricas para ultrapassar cada Eon, como também as chaves dos símbolos destes Eons. 

Tendo por base as edições alemães do princípio do século XX, temos a certeza de estarmos em sintonia  com a tradição Gnóstica legada por nosso Mestre Huiracocha, porque, sem dúvida foram nelas que ele buscou e alcançou sua iniciação. 

Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz
Marcos Pagani


Sobre os Rosa-Cruz I

Na obra Rosa-Cruz - Novela de Ocultismo Iniciático, escrita por Krumm-Heller em 1926, nosso Mestre apresenta, em suas entrelinhas, muitas chaves para o entendimento do "Caminho" iniciático em nossa Fraternidade.

Seus esclarecimentos nos levam a uma profunda reflexão, pois foge ao tradicional do que vemos na literatura sobre o tema, sendo um roteiro seguro para orientarmos nossos estudos e aprofundamentos.

Num trecho (página 17 e 18 da edição eletrônica), há  um diálogo entre dois personagens, Montenegro e Rasmussen, que nos passa uma informação intrigante: 

"Os Rosa-Cruz saíram do interior de Chapultepec pela mesmo local pelo qual entraram Montenegro e o indígina e com as mesmas precauções que este último tivera para não ser visto. Atravessaram logo o parque  que rodeia o castelo para embarcarem no trem em Buenavista. 


Montenegro ficou com Rasmussen depois que todos os demais se despediram dele, e aproveitou esta circunstância para entabular uma nova conversa, movido por seu desejo inquiridot. 

 - Você vai viajar?  - disse Montenegro - Gostaria muito que não fosse tão breve como parece. Em verdade, tenho muitas coisas para perguntar-lhe. Não pode você imaginar o quanto  agradecido lhe estou por haver-me iniciado esta noite. Compreendo que minha instrução verdadeira começa hoje e espero com sua ajuda poder saciar a sede de conhecimento que há tanto tempo sinto. 
- O que eu puder fazer por você, querido amigo, - respondeu Rasmussen - o farei sem dúvida; mas, haverá de ser nas sessões que se seguirão, uma vez que imediatamente partirei para a Alemanha. Faz já muitos anos que não visito a Europa. Devo ir para resolver alguns assuntos de família e além disso, a Ordem dos Rosa-Cruz me convoca, também, no velho continente. Você deve saber que nos reunimos anualmente, seja na Bohemia, seja nas montanhas de Harz, no Tiflis ou em Montserrat, ou às vezes em Yaucatán, no Peru ou na Índia: ali temos Lojas Brancas. Os Membros se apresentam todos ali em corpo astral; só algumas sessões são assistidas em corpo físico. Estas reuniões são muito necessárias depois da grande guerra (aqui a referência é a Primeira Guerra Mundial); pois agora há muita procura por nossa ciência".


Uma coisa que podemos notar e que destacamos no texto é que a Ordem dos Rosa-Cruz não possui uma sede, ela se reúne, anualmente, em vários lugares e em sua maioria, seus membros estão "em corpo astral".

Note que não se usa aqui a tradicional denominação Ordem dos Rosacruzes, mas, Ordem dos Rosa-Cruz e essa sutileza não é sem propósito, pois, Rosa-Cruz não é uma associação, ordem, fraternidade, etc., mas um "estado de consciência". Assim, enquanto Ordem dos Rosacruzes, nos faz pensar em uma associação de homens e mulheres que abraçaram o ideal Rosa-Cruz e buscam trilhar esse caminho, Ordem dos Rosa-Cruz nos remete a uma condição de uma Ordem composta de homens e mulheres que já alcançaram o sublime grau consciêncial ROSA-CRUZ, a ponto de, na maioria de suas reuniões, em locais espalhados pelo mundo, participarem com seus "corpos astrais.

Isto nos leva a fazer uma outra reflexão: somos todos Aspirantes à Rosa-Cruz, isto é, ao sublime grau consciencial Rosa-Cruz, para que um dia possamos, em verdade, pertencer a Ordem dos Rosa-Cruz.

Nesse sentido, a Fraternitas Rosicruciana Antiqua, tem a finalidade de ser um dos portais para o sincero buscador, que ao adentrar na Ordem, através de orientações essenciais e práticas, terá, se persistir, condições de trilhar o  Caminho do Aspirante, que levará ao florescer da Rosa sobre a Cruz.

Tal foi a nobre missão recebida por nosso Amado Mestre Huiracocha ao fundar nossa amada Ordem. E o que nos encanta é que pelos nobres ideais que sustenta e pelos quais dedicou a vida, Huiracocha não se deixou levar pelo modismo "rosacrucianista" do princípio do século XX, dotando seu movimento de um caráter amplo, ligado mais a essência dos ideais rosa-cruzes clássicos, do que uma forçada e inexistente ligação histórica.

Para que possamos compreender bem esse último aspecto, será necessário que nos inteiremos das fontes que consultou nosso Mestre para tirar suas idéias sobre a Ordem dos Rosacruzes e a Ordem dos Rosa-Cruz. Ao pesquisarmos, pudemos perceber, que muitas das idéias manifestas pelo Mestre em alguns de seus livros, etc. são reflexões feitas nos escritos de Franz Hartmann. É justamente em um dos livros de Hartmann, "No Umbral do Santuário", capítulo V - As Ordens dos Rosacruzes - História dos Rosa-Cruzes.



Que as Rosas Floresçam em Vossa Cruz

Marcos Pagani
terça-feira, 13 de novembro de 2018

A Igreja Gnóstica do Mestre Huiracocha - Estudo 1

Fraternitas Rosicruciana Antiqua: Biography of Arnoldo Krumm-Heller

Todo buscador ao chegar à FRA é convidado para, independente de ser iniciado na mesma, frequentar a Missa semanal, a cargo da Igreja Gnóstica. Este momento solene e importantíssimo, sem dúvida, leva o participante que aceitou esse convite, que em muitas situações é um verdadeiro “chamado”, a buscar informações sobre o que é Gnosis e Gnosrticismo, sua história e ensinamentos. Para o sincero buscador esta é uma encantadora fase de descobertas. 

Como não poderia deixar de ser, precisamos ter uma base em Mestre Huiracocha. Temos assim, a seguinte citação em seu excelente livro a Igreja Gnóstica:

Nós somos filhos de uma Religião que que tem por normas a Alegria e o Otimismo. Sendo Epicureus espiritualistas, porque sabemos que Epicuro foi iniciado em nossos Mistérios. Antes de seguir adiante, vamos entrar em um pouco de história sobre as Doutrinas das mais proeminentes escolas, seitas e congregações gnósticas”. 

Para o Mestre, assim, era muito importante que se abordasse as doutrinas das “principais escolas, seitas e congregações gnósticas”. Esse pequena declaração, considerada por muitos como corriqueira, quando olhada à luz dos atuais conhecimentos sobre o tema “Gnosis e Gnosticismo”, possui uma precisão fantástica. 

Assim, vejamos: 

Os estudiosos do Gnosticismo no século XX, principalmente depois de publicado o magistral Livro de Hans Jonas, Religião Gnóstica, tenderam a expor as diversas manifestações da Gnosis nos séculos I e II, como uma tendência com muitas características em comum, colocando-as todas sobre um mesmo rótulo - Gnosticismo. 

As várias opiniões que surgiram na época, não conseguiram, ou pelo menos não houve unanimidade em classificar, plenamente, o que significa integralmente “Gnosticismo”, quando se fala das primeiras manifestações. 

Alguns perguntarão: Como assim, não há uma definição absoluta para o que é Gnosticismo? Calma, vamos explicar.

Diz-nos a pesquisadora April D. DeConick, em seu Livro The Thirteenth Apostle – What the Gospel of Judas Really Says, no Capítulo II: “ Nós percebemos, após examinarmos a literatura Gnóstica, redescoberta nos anos 40 em Nag Hammadi, no Egito, que a rubrica “Gnosticismo” é um nome impróprio. Este é um termo moderno que estudiosos contemporâneos inventaram, mas do que uma palavra que descreve uma religião histórica do segundo século. Os estudiosos construíram um entendimento moderno do Gnosticismo para ajudar a descrever aqueles grupos no mundo antigo, cujos líderes da Igreja Ortodoxa, classificaram como desviados e heréticos. Nós entendemos estes “cristãos” heréticos, como participantes internos de uma religiosidade, uma religião “guarda-chuva” que nós chamamos de Gnosticismo. O Gnosticismo veio representar para nós uma forma de religião no mundo antigo que se opôs ao Judaísmo e ao Cristianismo, sendo considerado a perversão de uma moralidade e de uma piedade, além da Teologia. Os estudiosos do século XX o descreve como uma forma de religiosidade caracterizada por uma visão negativa do mundo e da existência, sucumbindo a um niilismo cósmico e uma profunda ânsia pelo espiritual”.

“Mas, essa visão romântica, tem sido chamada a um questionamento. A Análise dos textos de Nag Hammadi nos mostra que não havia uma religião Gnóstica genérica, ao menos até o terceiro século. Isto não significa, contudo, que não haviam gnósticos! Da mesma forma, não havia a Igreja do Gnosticismo; o que havia era Judeus e Cristãos que eram “esotericamente” orientados e ansiavam por “Gnosis”. Alguns deles formavam conventículos, lojas ou seminários, círculos aparte da sinagoga ou da igreja, enquanto outros, frequentavam a sinagoga ou a igreja, enquanto, também, faziam parte de uma dessas sociedades secretas. As comunidades que eles formaram não eram parte de uma religião Gnóstica, mas ao contrário eram, formalmente, distintos uns dos outros, especialmente com relação à posição social, práticas rituais e mesmo sistemas teológicos. Em outras palavras, os vários cristãos gnósticos não entendiam a si próprios como membros de uma mesma comunidade religiosa, mesmo que algumas de suas características fossem comuns”. 

Notemos que Mestre Huiracocha, corretamente, entende diversas tendência (escolas), os aspectos sectários (seitas) e conjunto de pessoas que se desenvolvem separadamente (congregações).
Por exemplo, Marcionitas e Ebionitas, defendem pontos de vista completmente diferentes. Valentinianos não se consideravam heréticos e queriam continuar no seio da Igreja e se consideravam na linha apostólica. Thomasinos, eram contra a qualquer tipo de sexualidade. Sethianos era anti-apostólicos e criticavam cada um deles (vide Evangelho de Judas), . Podemos notar, particularidades entre Ofitas, Carpocratianos, Naasenos, Basilinos, Marcosinos, etc. Onde as diferenças são mais exaltadas do que as coisas em comum nas suas práticas e exposição.

E por que o Mestre nos pede para estuda-los? Porque, a Igreja Gnóstica da FRA (bem como todas as outras manifestações néo-gnósticas), prefere expor a síntese manifestada na Restauração Gnóstica de 1890, com Doinel, que deteve-se naquilo que podia ser comum ou complementado. É lícito dizer, a título de esclarecimento, que somente nos aspectos mágicos sexuais a Igreja Gnóstica da FRA, via de regra, difere da primeira exposição de Doinel, isso se devendo à influência de Peithmam, pois Doinel não aborda esse tema abertamente. 

Nem todos os movimentos qualificados como Gnósticos no princípio do Cristianismo eram cristãos. Havia os Hermetistas Neo-Platônicos por exemplo. Havia algumas tendências judaicas de cunho esotérico, cujas visões são colocadas nas interpretações talmúdicas, bem como nos Targuns.
Por isso é difícil definir o termo Gnosticismo, mais aplicado aos neo-gnosticos do que aos gnósticos clássicos. Embora isso possa parecer estranho é o atual pensamento das maiores autoridades neste campo de estudos.

Continuaremos no Estudo da Gnose Antiga, na análise dos diversos movimentos que, mais tarde foram classificados como gnósticos na parte II deste estudo.


Que as Rosas Floresçam na Cruz 

Postagem em destaque

Sobre la Fraternitas Rosicruciana Antiqua.

Ao reproduzirmos aqui este artigo, com a devida permissão do falecido, querido Irmão Prisciiano II (Pablo Mattos) da Argentina, é lícito esc...

 
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