terça-feira, 13 de novembro de 2018

A Igreja Gnóstica do Mestre Huiracocha - Estudo 1

Fraternitas Rosicruciana Antiqua: Biography of Arnoldo Krumm-Heller

Todo buscador ao chegar à FRA é convidado para, independente de ser iniciado na mesma, frequentar a Missa semanal, a cargo da Igreja Gnóstica. Este momento solene e importantíssimo, sem dúvida, leva o participante que aceitou esse convite, que em muitas situações é um verdadeiro “chamado”, a buscar informações sobre o que é Gnosis e Gnosrticismo, sua história e ensinamentos. Para o sincero buscador esta é uma encantadora fase de descobertas. 

Como não poderia deixar de ser, precisamos ter uma base em Mestre Huiracocha. Temos assim, a seguinte citação em seu excelente livro a Igreja Gnóstica:

Nós somos filhos de uma Religião que que tem por normas a Alegria e o Otimismo. Sendo Epicureus espiritualistas, porque sabemos que Epicuro foi iniciado em nossos Mistérios. Antes de seguir adiante, vamos entrar em um pouco de história sobre as Doutrinas das mais proeminentes escolas, seitas e congregações gnósticas”. 

Para o Mestre, assim, era muito importante que se abordasse as doutrinas das “principais escolas, seitas e congregações gnósticas”. Esse pequena declaração, considerada por muitos como corriqueira, quando olhada à luz dos atuais conhecimentos sobre o tema “Gnosis e Gnosticismo”, possui uma precisão fantástica. 

Assim, vejamos: 

Os estudiosos do Gnosticismo no século XX, principalmente depois de publicado o magistral Livro de Hans Jonas, Religião Gnóstica, tenderam a expor as diversas manifestações da Gnosis nos séculos I e II, como uma tendência com muitas características em comum, colocando-as todas sobre um mesmo rótulo - Gnosticismo. 

As várias opiniões que surgiram na época, não conseguiram, ou pelo menos não houve unanimidade em classificar, plenamente, o que significa integralmente “Gnosticismo”, quando se fala das primeiras manifestações. 

Alguns perguntarão: Como assim, não há uma definição absoluta para o que é Gnosticismo? Calma, vamos explicar.

Diz-nos a pesquisadora April D. DeConick, em seu Livro The Thirteenth Apostle – What the Gospel of Judas Really Says, no Capítulo II: “ Nós percebemos, após examinarmos a literatura Gnóstica, redescoberta nos anos 40 em Nag Hammadi, no Egito, que a rubrica “Gnosticismo” é um nome impróprio. Este é um termo moderno que estudiosos contemporâneos inventaram, mas do que uma palavra que descreve uma religião histórica do segundo século. Os estudiosos construíram um entendimento moderno do Gnosticismo para ajudar a descrever aqueles grupos no mundo antigo, cujos líderes da Igreja Ortodoxa, classificaram como desviados e heréticos. Nós entendemos estes “cristãos” heréticos, como participantes internos de uma religiosidade, uma religião “guarda-chuva” que nós chamamos de Gnosticismo. O Gnosticismo veio representar para nós uma forma de religião no mundo antigo que se opôs ao Judaísmo e ao Cristianismo, sendo considerado a perversão de uma moralidade e de uma piedade, além da Teologia. Os estudiosos do século XX o descreve como uma forma de religiosidade caracterizada por uma visão negativa do mundo e da existência, sucumbindo a um niilismo cósmico e uma profunda ânsia pelo espiritual”.

“Mas, essa visão romântica, tem sido chamada a um questionamento. A Análise dos textos de Nag Hammadi nos mostra que não havia uma religião Gnóstica genérica, ao menos até o terceiro século. Isto não significa, contudo, que não haviam gnósticos! Da mesma forma, não havia a Igreja do Gnosticismo; o que havia era Judeus e Cristãos que eram “esotericamente” orientados e ansiavam por “Gnosis”. Alguns deles formavam conventículos, lojas ou seminários, círculos aparte da sinagoga ou da igreja, enquanto outros, frequentavam a sinagoga ou a igreja, enquanto, também, faziam parte de uma dessas sociedades secretas. As comunidades que eles formaram não eram parte de uma religião Gnóstica, mas ao contrário eram, formalmente, distintos uns dos outros, especialmente com relação à posição social, práticas rituais e mesmo sistemas teológicos. Em outras palavras, os vários cristãos gnósticos não entendiam a si próprios como membros de uma mesma comunidade religiosa, mesmo que algumas de suas características fossem comuns”. 

Notemos que Mestre Huiracocha, corretamente, entende diversas tendência (escolas), os aspectos sectários (seitas) e conjunto de pessoas que se desenvolvem separadamente (congregações).
Por exemplo, Marcionitas e Ebionitas, defendem pontos de vista completmente diferentes. Valentinianos não se consideravam heréticos e queriam continuar no seio da Igreja e se consideravam na linha apostólica. Thomasinos, eram contra a qualquer tipo de sexualidade. Sethianos era anti-apostólicos e criticavam cada um deles (vide Evangelho de Judas), . Podemos notar, particularidades entre Ofitas, Carpocratianos, Naasenos, Basilinos, Marcosinos, etc. Onde as diferenças são mais exaltadas do que as coisas em comum nas suas práticas e exposição.

E por que o Mestre nos pede para estuda-los? Porque, a Igreja Gnóstica da FRA (bem como todas as outras manifestações néo-gnósticas), prefere expor a síntese manifestada na Restauração Gnóstica de 1890, com Doinel, que deteve-se naquilo que podia ser comum ou complementado. É lícito dizer, a título de esclarecimento, que somente nos aspectos mágicos sexuais a Igreja Gnóstica da FRA, via de regra, difere da primeira exposição de Doinel, isso se devendo à influência de Peithmam, pois Doinel não aborda esse tema abertamente. 

Nem todos os movimentos qualificados como Gnósticos no princípio do Cristianismo eram cristãos. Havia os Hermetistas Neo-Platônicos por exemplo. Havia algumas tendências judaicas de cunho esotérico, cujas visões são colocadas nas interpretações talmúdicas, bem como nos Targuns.
Por isso é difícil definir o termo Gnosticismo, mais aplicado aos neo-gnosticos do que aos gnósticos clássicos. Embora isso possa parecer estranho é o atual pensamento das maiores autoridades neste campo de estudos.

Continuaremos no Estudo da Gnose Antiga, na análise dos diversos movimentos que, mais tarde foram classificados como gnósticos na parte II deste estudo.


Que as Rosas Floresçam na Cruz 

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